Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) avaliam que a ida de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para os Estados Unidos pode estar relacionada à preparação de uma fuga do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A preocupação se torna ainda maior já que, a partir desta terça-feira (25), o STF decide em julgamento se aceita ou não a denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra oito acusados de tentativa de golpe de Estado. Se a denúncia for aceita, Bolsonaro e outros sete denunciados se tornarão réus.

De acordo com ministros ouvidos pelo blog da Andréia Sadi, do G1, a ação é compreendida como parte de um movimento político que busca manter palco internacional e, ao mesmo tempo, abrir caminho para o que será chamado de exílio político. Um dos ministros afirmou que “é um cálculo político: possuem palco fora, nos EUA, e podem preparar a fuga do pai, que vão chamar de exílio”.

Fracasso de ato em Copacabana altera estratégia do grupo bolsonarista

Integrantes da Corte Suprema avaliam que o fracasso da manifestação realizada em Copacabana, no Rio de Janeiro, enfraqueceu a mobilização popular em torno do pedido de anistia, alterando a rota estratégica da família Bolsonaro.

A avaliação é de que a baixa adesão ao ato foi um divisor de águas, levando a uma reconfiguração tática que inclui a presença de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos.

Investigação da PF reforça suspeitas de plano para fuga

Segundo apuração da Polícia Federal (PF), Jair Bolsonaro pretendia aguardar o desenrolar da tentativa de golpe de Estado ainda em 2022 morando nos EUA. A investigação revela que, antes de viajar, o ex-presidente realizou uma transferência de R$ 800 mil para o país norte-americano, como mostrou a quebra de sigilo bancário conduzida pela corporação.

Com a possibilidade de condenação se tornando cada vez mais concreta, ministros do STF e investigadores da PF não descartam que Bolsonaro possa voltar a investir em uma alternativa de saída internacional.

Decisão de Eduardo é vista como impulsiva, mas reforça movimentação estratégica

Fontes próximas ao núcleo bolsonarista relataram que a decisão de Eduardo Bolsonaro de se estabelecer nos EUA foi tomada por impulso, surpreendendo inclusive o próprio pai, que discordou da iniciativa.

De acordo com os relatos, o deputado licenciado não teria se planejado para a mudança e chegou ao país sem roupas suficientes para um período mais longo. “Ele não tinha nem roupa para esse período de mudança”, disse um aliado.

Apesar do improviso, a ida de Eduardo tem servido para ampliar a pressão internacional contra Alexandre de Moraes, ministro do STF, que também enfrenta questionamentos jurídicos nos Estados Unidos.

Trump é visto como possível aliado político da família Bolsonaro

Aliados próximos afirmam que Eduardo Bolsonaro temia a perda do passaporte, situação semelhante à do pai. Entre os apoiadores da família, há a esperança de que o presidente norte-americano Donald Trump possa representar uma solução política para Bolsonaro.

Um dos interlocutores mais próximos do ex-presidente declarou que “Bolsonaro não tem saída jurídica. Só tem saída se Trump se comover e decidir embarcar em alguma defesa política dele”.

Jair Bolsonaro nega fuga e reafirma permanência no país

Apesar das especulações levantadas pelos ministros do STF e pela investigação da PF, Jair Bolsonaro declarou em entrevista à revista Oeste, na última quarta-feira (19), que não pretende deixar o país.

“A imprensa especulando agora que vou fugir para a Embaixada dos Estados Unidos, não vou fugir, não vou sair do Brasil”, disse o ex-presidente.