O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi intimado, nesta quarta-feira (23), sobre a abertura da ação penal que apura o suposto plano de golpe de Estado. A notificação ocorreu no hospital DF Star, em Brasília, onde Bolsonaro está internado desde o dia 13 de abril. A intimação, realizada por um oficial de Justiça, marca o início do prazo legal para que a defesa do ex-presidente se manifeste formalmente no processo.

O ex-presidente passou por uma cirurgia de 12 horas para retirada de aderências intestinais e reconstrução da parede abdominal. Mesmo hospitalizado, Bolsonaro foi considerado apto a ser citado, após participar de uma transmissão ao vivo na terça-feira (22). Diante disso, o Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que havia condições para que a intimação fosse cumprida no dia seguinte.

O oficial de Justiça foi até o quarto onde o ex-presidente se encontra internado para realizar a citação. Segundo apuração do Estadão, Bolsonaro recebeu o documento pessoalmente. A medida encerra a fase de notificações dos sete réus do processo, dos quais seis já haviam sido intimados entre os dias 11 e 15 de abril. Bolsonaro era o único que ainda não havia sido formalmente citado.

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Processo penal inclui cinco acusações

A ação penal é conduzida pelo STF e envolve, além de Bolsonaro, outros seis integrantes apontados como parte do chamado “núcleo crucial” do plano golpista. Eles são acusados de cinco crimes distintos: organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, deterioração de patrimônio tombado e dano qualificado ao patrimônio da União.

A pena máxima combinada, caso os réus sejam condenados por todas as acusações, pode chegar a 43 anos de prisão. As investigações fazem parte de um desdobramento das apurações conduzidas pela Polícia Federal sobre ações golpistas atribuídas ao entorno de Bolsonaro após as eleições de 2022.

De acordo com o STF, o cumprimento da citação no hospital foi condicionado à observação do estado clínico do ex-presidente. A Corte havia orientado o oficial de Justiça a aguardar uma “data adequada“, o que foi reavaliado após a participação de Bolsonaro em atividade pública.

Michelle e Carlos acenam aproximação

Após anos de desentendimentos e farpas nas redes sociais, o vereador Carlos Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro demonstraram sinais de aproximação. O gesto veio após a última cirurgia de Jair Bolsonaro. Durante uma live, Carlos elogiou Michelle pelo cuidado com o ex-presidente, chamando-a de “leoa” e destacando sua dedicação ao pai.

“A maior parte do tempo quem fica com ele é a Michelle, que está cuidando dele de uma maneira excepcional“, disse Carlos. Ele também afirmou que Michelle tem sido essencial para o processo de recuperação de Jair Bolsonaro, comparando a cirurgia a um evento grave, mas que o ex-presidente logo retornará às suas atividades.

Esta é a primeira vez que Carlos elogia publicamente Michelle, com quem manteve uma relação tensa nos últimos anos.

Relacionamento tem histórico tenso

A relação entre Carlos e Michelle sempre foi difícil, com brigas públicas nas redes sociais. Filho de Rogéria Bolsonaro, a primeira esposa de Jair Bolsonaro, Carlos nunca aceitou bem a união do pai com Michelle. O distanciamento aumentou com a ascensão de Bolsonaro à presidência, e em 2018 os desentendimentos ficaram mais evidentes.

Em fevereiro deste ano, Jair Bolsonaro comentou sobre a relação entre Michelle e seus filhos, dizendo que havia “altos e baixos“. Especificamente, mencionou que Carlos “não fala com ela” devido a problemas no passado, mas também disse que o vereador amadureceu.

O relacionamento entre eles se deteriorou em 2023, quando Carlos criticou publicamente a esposa do pai nas redes sociais, o que gerou uma troca de farpas entre os dois.

Nos últimos dias, no entanto, Michelle e Carlos deram sinais de que estão tentando melhorar a relação. Em um evento em São Paulo, Michelle cumprimentou Carlos com um beijo no rosto, um gesto visto como improvável até meses atrás. Esse movimento gerou interpretações de aliados como uma tentativa de reconciliação, especialmente considerando o distanciamento anterior.

Michelle tem se mostrado mais envolvida no cuidado de Jair Bolsonaro e, juntamente com Flávio Bolsonaro, tomou decisões sobre a equipe médica do ex-presidente. Em entrevista recente, Michelle afirmou ter perdoado Carlos, mas reforçou que prefere manter distância dele para evitar mais desentendimentos.