O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciou, neste sábado (15), que está em contato com senadores para tentar barrar a indicação de Verônica Abdalla Sterman ao Superior Tribunal Militar (STM), feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no dia 8 de março. Em entrevista à rádio 93 FM Exclusiva, do Rio de Janeiro, Bolsonaro afirmou que pretende influenciar a votação, que ocorrerá no Senado, durante a sabatina e aprovação da indicada.

Indicação de Verônica Abdalla Sterman ao STM

A advogada Verônica Abdalla Sterman foi nomeada para ocupar uma cadeira no STM, tribunal que julga crimes militares. Sua nomeação ocorre no contexto da aposentadoria do ministro José Coêlho Ferreira, atual vice-presidente da Corte, que se aposentará em abril. Para que a nomeação seja oficializada, Verônica ainda precisa passar pela aprovação do Senado, onde terá que ser sabatinada pelos parlamentares.

Bolsonaro, em sua entrevista, deixou claro que está mobilizando aliados no Senado para impedir a aprovação de Verônica, destacando que a votação será secreta, mas que ele acredita que é necessário barrar a indicadora. 

“Eu tenho conversado com senadores. O voto é secreto. É hora de dar um chega para lá. Não queremos esse tipo de gente dentro do Superior Tribunal Militar”, afirmou Bolsonaro

Críticas à linha de pensamento de Verônica e Maria Elizabeth Rocha

O principal ponto de crítica de Bolsonaro está na possível semelhança de pensamento entre Verônica Abdalla Sterman e a atual presidente do STM, Maria Elizabeth Rocha. A magistrada assumiu a presidência do tribunal no dia 12 de março e, em seu discurso de posse, declarou que via crimes militares na conduta do ex-presidente, que é capitão reformado. Bolsonaro reagiu duramente a essas declarações, chamando-as de “absurdas” e de uma tentativa de perseguição política.

“A (mulher) que está lá (no STM) no momento, ela assumiu a presidência e no mesmo dia falou que eu tinha que perder a patente de capitão e tirar os meus proventos. Eu não sou réu, não estou sendo acusado de crime militar nenhum. E essa mulher que está sendo indicada para lá agora é da mesma linha dessa presidente”, disse.

Maria Elizabeth Rocha assume presidência do STM e destaca seu compromisso com a igualdade de gênero e inclusão

Maria Elizabeth Rocha tomou posse como a primeira mulher a presidir o Superior Tribunal Militar (STM), cargo que ocupará pelos próximos dois anos. Em seu discurso de posse, ela se declarou feminista e destacou a importância da luta pela igualdade de gênero e pelos direitos das mulheres, reafirmando seu compromisso em enfrentar as questões de desigualdade social no Brasil.

 “Sou feminista e me orgulho de ser mulher! Porque se chamavam mulheres, também se chamavam sonhos, e sonhos não envelhecem”, afirmou, citando a canção de Milton Nascimento e Lô Borges.

A nova presidente do STM também abordou a realidade das mulheres no Brasil, enfatizando que, apesar dos avanços, ainda existe um longo caminho para alcançar uma sociedade livre de discriminação. Ela reconheceu que o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo e que as mulheres brasileiras ainda sonham com igualdade.

 “Conviver em uma sociedade na qual sejam superadas todas as formas de discriminação e opressão é um ideal civilizatório de convivência entre humanos”, completou.

Além das questões de gênero, Maria Elizabeth abordou a falta de representação feminina no Judiciário, criticando a predominância de uma visão patriarcal dentro do sistema judicial. Ela usou a metáfora de “calvas circunspectas, barbas esbranquiçadas, ternos e gravatas” para ilustrar a ausência de mulheres nos espaços de decisão no Brasil, enfatizando a necessidade de uma transformação nesse cenário.