Em pesquisa desenvolvida pela CNT/MDA, divulgada nesta terça-feira (17), revelou que 40,2% dos brasileiros acreditam que o país estará em situação pior ao final do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em comparação com o início do atual governo, em 2023. Essa é mais uma pesquisa que, somado ao Datafolha e Ipsos-Ipec, apontam um declinio na popularidade do terceiro mandato do petista. 

Além disso, 29% dos entrevistados afirmam que o Brasil continuará do mesmo jeito, enquanto apenas 27,6% esperam uma melhora até 2026. O levantamento ouviu 2.002 pessoas presencialmente entre os dias 11 e 15 de junho, com margem de erro de 2,2 pontos percentuais e nível de confiança de 95%.

O cenário retratado pela pesquisa acende um alerta no entorno de Lula, que já declarou a intenção de disputar a reeleição no próximo ano. O aumento da percepção negativa ocorre em meio a uma série de crises que têm impactado a imagem do governo junto à opinião pública.

Estratégias do governo para reconquistar apoio popular

Com o objetivo de recuperar parte da popularidade perdida, o governo federal tem articulado medidas voltadas especialmente à população de baixa renda. Entre elas está a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, além de iniciativas como a distribuição gratuita de botijões de gás e descontos nas contas de energia elétrica.

Essas ações, no entanto, dependem de aval do Congresso Nacional para se tornarem realidade. No Planalto, a expectativa é de que esses benefícios possam amortecer o desgaste político e reposicionar Lula de forma mais favorável às vésperas do calendário eleitoral de 2026.

Crise no INSS agrava imagem do governo

A maior crise enfrentada recentemente pela gestão federal foi desencadeada pela Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, que revelou um esquema de fraudes envolvendo descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS. O prejuízo estimado gira em torno de R$ 6 bilhões.

A gravidade do escândalo — amplamente resumido pela narrativa popular de um “roubo de velhinhos” — atingiu em cheio a popularidade de Lula. Embora o governo tenha inicialmente tentado atribuir a origem do problema à administração de Jair Bolsonaro, as investigações indicaram que o esquema se estendeu até 2023, já sob a atual gestão.

A resposta considerada lenta e desarticulada contribuiu para o desgaste político e culminou na saída do então ministro da Previdência, Carlos Lupi. O episódio também expôs disputas internas e a dificuldade do governo em apresentar uma solução coordenada.

Datafolha confirma aumento na reprovação ao presidente

Dados recentes do instituto Datafolha, divulgados na quinta-feira (12), corroboram o panorama da pesquisa CNT/MDA. De acordo com o levantamento, a reprovação ao presidente Lula subiu de 38% para 40% em comparação com a pesquisa anterior, realizada em abril. Ao mesmo tempo, a avaliação positiva caiu de 29% para 28%, revelando uma tendência de estagnação dentro da margem de erro de dois pontos percentuais.

A avaliação regular permaneceu praticamente estável (de 32% para 31%) e apenas 1% dos entrevistados disseram não saber opinar. Quando questionados diretamente sobre a aprovação do trabalho de Lula, 50% dos entrevistados afirmaram desaprovar sua atuação, ante 49% em abril. Já os que aprovam somaram 46%, dois pontos abaixo da marca anterior.

Rejeição cresce entre os mais escolarizados, mas apoio resiste entre os mais pobres

A análise segmentada dos dados revela que a reprovação ao governo aumentou principalmente entre eleitores com ensino superior. Nesse grupo, a aprovação caiu de 31% em abril para 25% em junho — variação significativa, mesmo considerando a margem de erro de 12 pontos percentuais.

Entre os eleitores com renda de até dois salários mínimos, tradicionalmente alinhados ao PT, houve leve oscilação positiva: a aprovação subiu de 30% para 32%, enquanto a reprovação recuou de 36% para 33%. A margem de erro neste recorte é de três pontos percentuais.

Apesar desse alívio parcial, o Planalto ainda enfrenta dificuldades para reverter a tendência negativa observada desde o final de 2023. Um dos episódios mais danosos nesse período foi a repercussão da proposta de fiscalização do Pix, que gerou forte reação popular e obrigou o Ministério da Fazenda a recuar, marcando o início de um ciclo de queda na popularidade presidencial.