Ato de Bolsonaro na Avenida Paulista reúne 44,8 mil pessoas e reacende debate sobre anistia
Manifestação volta a pressionar Congresso por perdão aos condenados do 8 de Janeiro, mas adesão segue em queda desde fevereiro de 2024

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) liderou, neste domingo (6), um novo ato público na Avenida Paulista, em São Paulo, em defesa da anistia aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas em Brasília. Segundo o Monitor do Debate Público do Meio Digital da Universidade de São Paulo (USP), o evento reuniu cerca de 44,8 mil manifestantes, número aferido por meio de análise de imagens de drones durante o pico da manifestação, por volta das 15h44, horário em que Bolsonaro iniciou seu discurso de 25 minutos.
A marca representa uma significativa queda em relação à manifestação de fevereiro de 2024, quando o mesmo grupo da USP estimou 185 mil pessoas na Paulista. Na ocasião, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) havia divulgado uma estimativa ainda maior: 600 mil presentes. Neste novo ato, nem a SSP nem a Polícia Militar divulgaram números oficiais de público.
Comparativo mostra queda constante na mobilização
A mobilização em São Paulo faz parte de uma sequência de eventos promovidos por aliados de Bolsonaro. Em setembro de 2024, um ato contra o ministro Alexandre de Moraes (STF) atraiu cerca de 45 mil pessoas, também na Paulista. Já no mês passado, em março, a manifestação em Copacabana, no Rio de Janeiro, reuniu apenas 18,3 mil pessoas, frustrando a expectativa de público — os organizadores esperavam um milhão.
Evolução do público nos atos bolsonaristas:
- Fevereiro de 2024 (SP): 185 mil
- Setembro de 2024 (SP): 45 mil
- Março de 2025 (RJ): 18,3 mil
- Abril de 2025 (SP): 44,8 mil
Apoio popular à anistia segue limitado
Além do número reduzido de manifestantes, pesquisas de opinião indicam resistência da população à proposta de anistia. Segundo levantamento da Genial/Quaest, também divulgado neste domingo, 56% dos brasileiros são contra a soltura dos presos pelos atos do 8 de Janeiro. Apenas 34% apoiam o perdão.
No mesmo estudo, 52% dos entrevistados consideram justa a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de tornar Jair Bolsonaro réu por suposta tentativa de golpe de Estado em 2022. Apenas 36% consideram a decisão injusta. Apesar da rejeição majoritária, o ex-presidente insiste em apresentar os presos como vítimas. “Velhinhas com bíblia na mão” e “pessoas humildes” foram citadas por ele durante o ato como exemplos de pessoas que “estão presas injustamente”.
USP detalha metodologia de contagem
O levantamento da USP foi feito com base em 47 imagens capturadas por drone, com ênfase em nove fotos tiradas às 15h44, no auge da manifestação. Segundo o relatório, um software de inteligência artificial identificou e contou as cabeças presentes na área. As imagens cobriram três pontos de concentração na Avenida Paulista.
“Perdeu, mané” e novos símbolos do movimento
Durante o ato, foram feitas diversas referências à cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, que escreveu com batom a frase “perdeu, mané” em uma estátua da Justiça em frente ao STF. A mulher responde ao processo em liberdade após ter sido condenada a 14 anos de prisão, pena proposta pelo ministro Alexandre de Moraes.
Presenças de governadores e parlamentares reforçam ato político
Entre os presentes no evento, estavam os governadores Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG), Wilson Lima (AM), Ronaldo Caiado (GO), Jorginho Mello (SC), Mauro Mendes (MT) e Ratinho Júnior (PR). O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, também participou.
Lideranças do Congresso marcaram presença, como os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG), Gustavo Gayer (PL-GO), Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e os senadores Marcos Pontes (PL-SP) e Tereza Cristina (PP-MS). O pastor Silas Malafaia, um dos organizadores, discursou ao lado de Bolsonaro.
João Roma e Capitão Alden criticam Judiciário e dados da USP
O presidente do PL na Bahia, João Roma, defendeu o movimento em seu discurso e criticou o Supremo Tribunal Federal, pedindo mais respeito à Constituição.
“Queremos democracia de verdade! Tem gente presa até hoje sem investigação séria e individualização de condutas, num claro ataque à sociedade”.
Já o deputado Capitão Alden (PL-BA) ironizou a estimativa de público da USP.
“Daqui a pouco a USP vai dizer que só tinha 16 mil pessoas aqui. Basta olhar e verão o mar de gente”.
PL quer urgência na votação da anistia
Durante o ato, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, anunciou que o partido está perto de alcançar as 257 assinaturas necessárias para pautar a urgência na tramitação do projeto de anistia. “Com a ajuda de Caiado, Zema, Tarcísio e Wilson Lima, esperamos ter as assinaturas necessárias. Aí será pautado querendo ou não”, afirmou.
O deputado também disse que o PL divulgará nesta segunda-feira (7) a lista dos 162 deputados que já assinaram o requerimento, bem como os nomes dos parlamentares que ainda não se posicionaram sobre o tema.
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