Após voto de Carmen Lúcia, STF mantém Alexandre Ramagem como réu e impõe limites à blindagem da Câmara
Ministros derrubam decisão da Câmara e garantem andamento de parte da ação penal por crimes contra a democracia

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou, neste sábado (10), para derrubar parcialmente a resolução aprovada pela Câmara dos Deputados que havia determinado o trancamento integral da ação penal contra o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). Com o voto da ministra, a Primeira Turma da Corte formou maioria unânime para manter a responsabilização criminal do parlamentar em três dos cinco crimes pelos quais foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Ramagem seguirá réu por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e organização criminosa. Já os crimes de dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado, ambos relacionados aos atos de 8 de janeiro de 2023, terão sua tramitação suspensa até o fim do atual mandato parlamentar, por terem ocorrido após sua diplomação.
A decisão representa uma importante delimitação da imunidade parlamentar prevista na Constituição, ao reconhecer que esse dispositivo não pode ser interpretado como uma blindagem total, tampouco servir de proteção a atos ilícitos praticados antes do início do mandato ou por pessoas que não detenham foro especial. A informação é do G1.
Câmara aprovou trancamento total da ação penal
A controvérsia teve início após a Câmara dos Deputados, por 315 votos a 143, aprovar uma resolução que determinava o trancamento de toda a Ação Penal nº 2.668 contra Ramagem. Além disso, o texto, redigido de forma ampla, abria uma brecha jurídica para que outros investigados no mesmo processo fossem beneficiados pela suspensão, o que foi considerado pelo STF como uma extrapolação inconstitucional.
A Constituição prevê que, caso um parlamentar seja alvo de uma ação penal por fatos ocorridos após a diplomação, a Câmara tem prerrogativa para decidir sobre a continuidade ou não do processo. Contudo, segundo o entendimento da Corte, esse poder não se aplica a crimes anteriores ao mandato nem pode alcançar outros réus.
Voto de Cármen Lúcia foi categórico contra interpretação ampliada
Ao acompanhar o relator, ministro Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia destacou em seu voto que a tentativa da Câmara de estender os efeitos da imunidade parlamentar a todo o processo penal desvirtuaria os princípios do Estado Democrático de Direito. Segundo ela, uma interpretação extensiva, como pretendia a Câmara, “esvaziaria uma das funções básicas do Estado de Direito”, ao privilegiar a pessoa e não a função pública.
Cármen argumentou ainda que permitir tal extensão colocaria em risco a integridade da própria instituição legislativa. A ministra reforçou que a imunidade parlamentar é um instrumento de proteção institucional e não um salvo-conduto para obstrução da Justiça.
Ministros reafirmam limites constitucionais
O relator do caso, Alexandre de Moraes, afirmou, no momento em que proferia seu voto, que a imunidade só vale para o próprio parlamentar, em relação a crimes praticados após sua diplomação. “Os requisitos do caráter personalíssimo e do critério temporal estão claramente definidos na Constituição”, declarou Moraes.
O ministro Cristiano Zanin também sublinhou que a jurisprudência do Supremo é pacífica nesse sentido. Para ele, a decisão da Câmara de suspender toda a ação penal acabaria por gerar consequências jurídicas ilegítimas para outros acusados, como o ex-presidente Jair Bolsonaro, que não têm direito à imunidade parlamentar.
STF evita blindagem generalizada
A deliberação da Primeira Turma impede, na prática, que a Câmara utilize sua prerrogativa constitucional para estender proteções indevidas a outros envolvidos ou obstruir a responsabilização de atos cometidos antes do mandato. O entendimento reforça que a imunidade parlamentar não deve ser usada como escudo contra investigações legítimas e processos judiciais em curso, especialmente em casos que envolvem crimes contra a democracia.
Com isso, Alexandre Ramagem continuará respondendo por crimes graves, enquanto os delitos cuja apuração foi temporariamente suspensa voltarão a ser analisados judicialmente após o término de seu mandato. O processo segue sob relatoria de Moraes no Supremo.
Mais Lidas
Política
Câmara suspende repasses ao gabinete de Carla Zambelli após ordem do STF
Últimas Notícias

AGU pede ao STF suspensão de processos contra INSS por descontos indevidos em aposentadorias
Órgão também apresentou um pedido de autorização para abrir crédito extraordinário para viabilizar o ressarcimento

Chuvas intensas colocam Salvador em estado de atenção e causam transtornos
Defesa Civil alerta para riscos de alagamentos e deslizamentos; previsão indica mau tempo até a próxima semana

Falha técnica interrompe operação da Linha 1 do metrô de Salvador e obriga passageiros a caminhar pelos trilhos
Problema ocorreu próximo à estação Bom Juá e causou aglomeração nas plataformas; governo lançou novo trecho entre Lapa e Campo Grande

Inscrições para o Enem 2025 terminam nesta sexta-feira; veja como participar do exame
Prazo inicialmente terminaria em 6 de junho e foi prorrogado em uma semana pelo Ministério da Educação

Inscrições para preparatório gratuito do Enem em Salvador terminam nesta sexta-feira; veja como participar
Aulas têm início previsto para o mês de julho e serão oferecidas de forma presencial por instituições parceiras da Prefeitura

Praça Municipal sediará IV Festival de Quadrilhas Juninas de Salvador a partir desta sexta; confira programação completa
Praça Municipal recebe oito grupos nos dias 13, 14 e 18 com apresentações que integram o Arraiá da Prefs 2025

Brasil pode atingir recorde com 336,1 milhões de toneladas de grãos na safra 2024/25
Caso previsão se confirme, volume representará um aumento de 13% em relação ao ciclo anterior

Confederações do setor produtivo se unem em protesto contra MP que eleva impostos no lugar do IOF
Empresariado contesta elevação de tributos e pede previsibilidade na política fiscal

Senado aprova penas mais duras para crimes em escolas; homicídio passa a ser considerado hediondo
Texto segue para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Léo Santana grava novo EP em posto de gasolina e atrai multidão em Salvador
Projeto mistura pagodão, forrógode e fuleragem, e será lançado ainda em junho com regravações e inéditas