O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), minimizou, nesta terça-feira (20), os altos índices de violência no Estado — que lidera, pelo segundo ano consecutivo, o ranking nacional de mortes violentas, segundo o Atlas da Violência 2025 divulgado no último dia 12. Apesar da gravidade do cenário, Jerônimo afirmou que os dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) apontam uma redução mensal dos crimes e defendeu o uso de tecnologia como estratégia fundamental no combate à criminalidade.

A declaração de Jerônimo ocorre após o ex-prefeito de Salvador e vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto, comparar a Bahia à Faixa de Gaza e criticar o silêncio do governador Jerônimo Rodrigues (PT) diante da rotina de guerra vivida pelos baianos que tiveram uma madrugada de intenso tiroteio, nesta terça-feira (20), no bairro de Bom Juá, em Salvador. Em suas redes sociais, Neto publicou um vídeo atribuído à disputa entre facções criminosas na capital baiana e expôs um trecho de reportagem da TV Globo que mostra um balde com dezenas de cápsulas de munição de grosso calibre disparadas durante a troca de balas da madrugada.

Violência na Bahia

De acordo com o Atlas da Violência: somente em 2023, a Bahia registrou 6.616 homicídios, superando em mais de 55% os números do Rio de Janeiro. A situação é ainda mais crítica entre jovens negros do sexo masculino, com taxa de 220,6 assassinatos por 100 mil habitantes, e entre adolescentes de 15 a 19 anos, com 945 mortes violentas no ano passado. A violência armada também se destaca, com o Estado figurando entre os três com mais homicídios cometidos com armas de fogo.

Diante desse cenário, Jerônimo afirmou estar atento à gravidade dos episódios e disse que tem atuado para reverter os índices.

 “Estamos atentos. Tenho as preocupações diárias, mas também vi o mapa apontando a Bahia como um dos estados que mais reduziu os índices. Estamos fazendo isso todos os meses”, disse ao Portal M!.

Tecnologia

A estratégia para frear a escalada da violência inclui o investimento em tecnologia e inovação. Durante missão oficial à China, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jerônimo discutiu parcerias com empresas como a Huawei para ampliar o uso de ferramentas tecnológicas na segurança pública baiana. 

Entre os temas abordados estão sistemas de reconhecimento facial e uso de inteligência artificial. “Nós queremos que a inteligência artificial nos ajude”, declarou.

Reuniões estratégicas na China

A comitiva baiana participou de reuniões estratégicas em Pequim e outras cidades, incluindo encontros com empresários e representantes do governo chinês. O governador destacou que a Bahia foi escolhida, ao lado do Piauí, para apresentar suas potencialidades a um grupo de 400 empresários, e aproveitou para reforçar o interesse do Estado em atrair investimentos em infraestrutura, energia limpa e segurança.

O governador também participou de reuniões com lideranças do Partido Comunista Chinês e acompanhou o presidente Lula em três agendas oficiais com o presidente Xi Jinping. Segundo Jerônimo, o presidente brasileiro defendeu a assinatura de acordos para cooperação tecnológica e mencionou diretamente projetos baianos, como a construção da ponte Salvador-Itaparica, que também foi discutida com empresários chineses.

Conversa com Dilma Roussef

Além do tema da segurança, Jerônimo afirmou que também apresentou à ex-presidente Dilma Rousseff, atual presidente do Banco do BRICS, projetos estratégicos que podem ser financiados pela instituição, como o VLT entre Salvador e Alagoinhas e novos modais de transporte entre a capital e Feira de Santana. No entanto, segundo ele, a prioridade é pensar em soluções de médio e longo prazo que deixem um “legado estruturante” para o Estado.

Para o governador, é preciso “montar um banco de projetos de desenvolvimento para os próximos 20, 30 anos”. Ainda de acordo com o gestor, a “segurança pública entra nesse planejamento, com apoio da tecnologia, da inteligência e da cooperação internacional”, concluiu.