Após eleição de Trump, Alice Portugal diz que extrema-direita não terá avanço no Brasil em 2026

A deputada federal Alice Portugal (PCdoB) afirmou, na manhã desta quinta-feira (7), que a eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos não vai projetar um crescimento da extrema-direita no Brasil para as eleições de 2026. Em contrapartida ao que os aliados de Bolsonaro (PL) declararam em comemoração da vitória do republicano nos EUA, a parlamentar citou a inelegibilidade do ex-presidente, que está vigente até o ano de 2030.

“Não [vejo um avanço]. A extrema-direita está contida, porque o seu líder maior está inelegível, não é? Completamente inelegível, com possibilidade de ser preso pelos crimes que cometeu contra a nação brasileira”, disparou a deputada em entrevista ao Portal M! durante autorização de entregas do governador Jerônimo Rodrigues (PT) para comunidades indígenas.

Apesar disso, questionada sobre a interferência do cenário eleitoral nos EUA, Alice frisou que a eleição de Trump deve impactar todo o cenário mundial. A deputada faz parte dos partidos que apoiam o presidente Lula (PT) na Câmara dos Deputados e, inclusive, o petista havia declarado abertamente a sua torcida pela democrata Kamala Harris, adversária do republicano neste ano.

“Mas interfere diretamente no mundo inteiro. Trump é um belicoso, um extremista de direita e um tumultuador profissional. Então, obviamente, ele vai procurar conflito com a China, com os nossos aliados dos Brics. Isso tudo o Brasil precisará de unidade e de blindagem para impedir que essa sanha privatista e concentradora de poder da extrema-direita americana, possa impedir o crescimento do Brasil”, ponderou.

Presidência da Câmara

Ainda em entrevista ao Portal M!, Alice Portugal justificou o apoio ao candidato Hugo Motta (Republicanos-PB), que disputa a presidência da Câmara dos Deputados com o baiano Antonio Brito (PSD). A parlamentar ainda lembrou do nome de Elmar Nascimento (UB-BA), que estava na disputa mas teve a sua candidatura retirada pelo União Brasil.

“Nós tínhamos dois baianos importantes, dois colegas importantes, Brito vindo originalmente do nosso campo. Mas, ali, o que tem que ser ponderado e é o que a esquerda está ponderando, o PCdoB, o PT, o PV, ao apoiar Hugo Motta, é a governabilidade de Lula. Então, a política é feita de ideias, de desejos, mas ela tem um determinado momento que ela é matemática. E se nós não tivermos uma maioria de deputados na Câmara e no Senado, nós poderemos ter interferências muito graves para essa experiência democrática de reconstrução do Brasil”, argumentou.

Mesmo depois de se aliar ao líder republicano, a deputada federal indicou que este apoio não passa de uma estratégia dos partidos de esquerda. Vale lembrar que Hugo Motta conseguiu unir apoios de partidos polarizados, como é o caso do PT e do PL.

“O PT, o PCdoB, o PV e seus aliados têm 132 votos nos bons dias. E essa aliança estratégica nos setores do centrão, para nós, é a garantia da governabilidade de Lula. Então o que falou foi isso, não foi preferido Hugo Mota aos nossos dois companheiros conterrâneos. Adoraria que fosse um baiano. Mas é o que tem. Não adianta dizer que governabilidade é algo que não precisa ser medido. Precisa ser medido porque nós não queremos o impeachment de Lula, como tivemos de Dilma”, acrescentou.

Em seguida, a parlamentar apontou as exigências dos partidos de esquerda, mesmo diante das divergências ideológicas e partidárias. “Nós não queremos o impedimento de verbas para as universidades. Nós queremos mais recursos para os povos indígenas e os povos originários, nós queremos a pauta social atendida e, para isso, é preciso ter uma guia na Câmara dos Deputados e no Senado da República. Essa é a base da aliança que está sendo realizada, uma aliança política com divergências, com diferenças diametrais em determinadas regiões, mas é o que serve melhor na governabilidade dessa aliança”, concluiu Alice Portugal.