Anielle Franco relata acolhimento de Lula após expor assédio e revela planos para 2026
Anielle Franco rompe o silêncio sobre assédio e pede aprimoramento das políticas de proteção às vítimas no Brasil
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, rompeu o silêncio sobre os episódios de importunação sexual sofridos por Silvio Almeida, ex-ministro dos Direitos Humanos, durante a transição de governo em 2022. Em entrevista ao jornal O Globo, Anielle relembrou a complexidade de processar a situação devido à relevância de Almeida no movimento negro. “Demorei um pouco para acreditar. E acho que isso foi o que fez com que, quando fui exposta, eu demorasse a me pronunciar”, disse a ministra.
Anielle relatou que percebeu as atitudes inadequadas de Almeida logo no início do governo Lula, em janeiro de 2023. Embora não tenha entrado em detalhes sobre os acontecimentos, a ministra descreveu diversas falas e comportamentos que repudiou. “Fiquei pensando por meses: ‘Será que eu errei? Fiz alguma coisa que não deveria ter feito?’. Não de dar condição, mas por onde eu poderia ter cessado esse tipo de relação”, revelou.
O caso está sob investigação da Polícia Federal, e Anielle destacou a importância de que a violência contra as mulheres seja tratada com seriedade, independentemente de quem a pratica. “Nenhuma violência feita por uma pessoa, um indivíduo, pode diminuir as causas do movimento negro. Mas violência é violência, importunação é importunação e assédio é assédio, independentemente de quem faça. Isso não pode ser tolerado”, reforçou a ministra.
Envolvimento do governo e acolhimento de Lula
Anielle contou que, apesar de os relatos de assédio terem circulado entre membros do governo antes da denúncia, o presidente Lula soube dos detalhes apenas quando o escândalo veio à tona pela imprensa, em setembro de 2024. Segundo a ministra, o presidente foi acolhedor ao abordá-la. “A primeira coisa que ele me perguntou era como eu estava. Ele já estava com a decisão dele. Eu me senti acolhida”, afirmou.
A primeira-dama, Janja, também se solidarizou com Anielle. A ministra destacou a postura de Janja ao apoiar publicamente sua luta contra o assédio e a violência. “Falei com ela pela primeira vez quando estava com o presidente, e ela me acolheu dizendo: ‘Uma foto diz mais que mil palavras'”, relatou.
Planos políticos e futuro
Anielle Franco também falou sobre seus planos políticos para 2026, afirmando que está à disposição do Partido dos Trabalhadores (PT) para construir uma candidatura, embora seja cedo para definir o cargo. “Vou colocar meu nome à disposição. Tenho algumas vontades políticas. É uma construção coletiva com o partido, com o presidente e com o estado”, explicou.
Enquanto isso, a ministra tem se envolvido nas campanhas do segundo turno das eleições municipais, oferecendo apoio a candidatos progressistas como Maria do Rosário, Natália Bonavides e Rodrigo Neves.
Canais de denúncia e proteção às mulheres
Anielle Franco também apontou a insuficiência dos canais oficiais de denúncia de assédio sexual no Brasil, defendendo melhorias nas políticas de proteção às vítimas. “Se há 30 milhões de mulheres que ainda passam por isso, e que não se sentem à vontade para denunciar, um papel importante do governo é fazer com que esses canais funcionem”, afirmou.
A ministra ressaltou que os sistemas de denúncia precisam ser reforçados para garantir que as mulheres sintam segurança ao denunciar casos de assédio e violência. “Esses canais precisam garantir que as mulheres sejam seguras para denunciar e após denunciar”, concluiu.
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