Antigos aliados do presidente nacional do PRTB e articuladores informais da legenda do candidato à prefeito de São Paulo, Pablo Marçal, foram acusados de trocar carros de luxo por cocaína para o Primeiro Comando da Capital (PCC), financiando o tráfico de drogas e dividindo lucros. A investigação da Polícia Civil envolve Tarcísio Escobar de Almeida, ex-presidente estadual do PRTB, e Júlio César Pereira, conhecido como Gordão, sócio de Escobar. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
Escobar e Gordão eram próximos de Leonardo Alves Araújo, o Leonardo Avalanche, presidente nacional do PRTB e apoiador da candidatura de Marçal. Em 18 de março, Avalanche nomeou Escobar como presidente estadual do partido em São Paulo, mas ele foi afastado três dias depois, oficialmente por “não ter título de eleitor”. Mesmo assim, Escobar continuou se apresentando como presidente estadual até o caso ser revelado pelo Estadão em maio. Ele participou de eventos com Marçal, que se filiou ao PRTB em 5 de abril e teve sua pré-candidatura confirmada em 24 de maio.
Embora atuassem nos bastidores, Escobar e Gordão não apareceram em eventos públicos da campanha de Marçal, como debates ou caminhadas. Procurados pela reportagem do Estadão, os acusados negaram qualquer ligação com a facção. Avalanche afirmou ter rompido com Escobar após as primeiras reportagens. Marçal declarou nas redes sociais que não pede “certidão negativa de ninguém” e que já tirou “20 mil fotos” na campanha.
Escobar e Gordão foram indiciados pela polícia em 2023. As investigações começaram em 6 de agosto de 2020, quando a polícia apreendeu armas, drogas e um pendrive na casa de Francisco Chagas de Sousa, o Coringa. O pendrive continha informações sobre o controle de membros do PCC. A polícia descobriu que Coringa estava envolvido no tráfico interestadual, usando carros como pagamento por drogas e para transporte de entorpecentes.
Em 30 de julho de 2020, Gordão pediu a Coringa ajuda para vender uma BMW X5, dizendo que Escobar explicaria o negócio. Segundo os investigadores, os lucros do tráfico eram divididos entre Coringa, Gordão e Escobar. Os investigadores relataram que as conversas indicavam negociações de veículos para troca por drogas, e embora os acusados não manuseassem a droga diretamente, sabiam que os valores entregues a Coringa seriam usados na compra de entorpecentes, gerando lucros altos.
Escobar e Gordão entregavam veículos a Coringa, que os enviava ao Paraná para troca por drogas. Esses entorpecentes eram revendidos, e os lucros divididos. Mesmo após ser afastado oficialmente da presidência do PRTB, Escobar continuou participando de eventos partidários, incluindo reuniões na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) com Avalanche. Após a revelação de sua ligação com o PCC, houve uma ruptura entre Escobar e Avalanche, supostamente por divergências políticas.
Escobar e Gordão também foram ligados a uma empresa envolvida na venda irregular de lotes para pessoas humildes. Em um caso separado, a comerciante Bruna Couto Almeida foi ameaçada de morte por Escobar em uma disputa pelo controle de uma casa de prostituição em São Mateus, na zona leste de São Paulo.
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