O ex-prefeito de Salvador e vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto, afirmou, nesta sexta-feira (25), que o governador Jerônimo Rodrigues (PT) tenta cooptar prefeitos e só atende gestores municipais que integram a base petista. Ao comentar o quadro, Neto explicou que os prefeitos do União Brasil têm sido orientados a buscar diálogo com o governo do Estado e a presidência da República, mas criticou a seletividade da gestão estadual.

“Infelizmente, nós sabemos que a política do governador é uma política da tentativa de cooptação. Ele só atende na prática quem é do lado dele. As coisas só saem para quem diz amém e vota no partido dele, o que é muito ruim para a Bahia”, afirmou durante entrevista à uma rádio de Ilhéus.

Críticas à centralização política na Bahia

O ex-prefeito, que ainda não confirmou uma eventual pré-candidatura ao governo estadual em 2026, destacou que o governador deveria tratar todos os municípios com igualdade, sem considerar o partido ao qual os prefeitos estão filiados.

“Se um dia Deus me permitir ser governador, eu pretendo trabalhar para todos, porque passou a eleição, você tem essa obrigação, a de governar para todo mundo”, disse.

O ex-prefeito de Salvador também relembrou que, quando assumiu a gestão da capital baiana, tanto o governo estadual quanto o federal estavam sob comando do Partido dos Trabalhadores. Segundo ele, mesmo diante de dificuldades, procurou manter o diálogo institucional.

“Mas não fui ajudado. E aí eu disse: olha, o que eu vou fazer? Vou ficar de braços cruzados, vou esperar o tempo passar ou vou trabalhar? Eu fui trabalhar”, refletiu.

Críticas à ‘politicagem’ e defesa da gestão técnica

Na ocasião, ACM Neto também questionou a prioridade dada pela gestão estadual à articulação política em detrimento de temas essenciais para a população, como saúde e educação. O ex-prefeito disse que o governador se dedica à política em tempo integral, ignorando áreas fundamentais da administração pública.

“Ao invés de estar cuidando da saúde, da educação, do enfrentamento à fome, à pobreza, à miséria, ao invés de estar lutando para reduzir os preços na Bahia, ele está lá, de manhã, de tarde e de noite, fazendo politicagem”, declarou.

Ele reforçou que, durante seus dois mandatos como prefeito de Salvador, conciliou a atuação política com o compromisso com a gestão municipal.

“Eu fui prefeito e fiz política durante oito anos, mas antes de fazer política eu fazia gestão. Antes de dedicar o meu tempo à política, eu dedicava meu tempo a cuidar da cidade e das pessoas. A política é consequência, não pode ser o meio e o fim. E Jerônimo faz da política o meio e o fim. Só pensa nisso”.

Neto diz que Jerônimo ‘vai cair do cavalo’

O ex-prefeito também ressaltou que a estratégia adotada pelo governador Jerônimo Rodrigues não vai garantir sua reeleição em 2026. De acordo com o vice-presidente do União Brasil, a prática de cooptar prefeitos não encontra respaldo no sentimento da população.

“Não vai, ele está enganado, vai cair do cavalo. E quem, eventualmente, for nessa conversa dele, vai cair do cavalo junto com ele. Porque o que a gente percebe, no coração dos baianos, é um sentimento crescente de mudança. As pessoas estão cansadas”, destacou.

Encontros com lideranças e vereadores marcam visita à Ilhéus

O ex-prefeito de Salvador cumpre agenda em Ilhéus desde quinta-feira (24), e esteve ao lado do prefeito Valderico Junior (União Brasil), do deputado federal Leur Lomanto Jr. (União Brasil), do deputado estadual Pedro Tavares (União Brasil) e do ex-deputado Cacá Leão (PP). O grupo se reuniu com vereadores e com a equipe da Prefeitura Municipal para tratar de temas ligados ao desenvolvimento da cidade.