Sem transporte ferroviário, indústria da Bahia enfrenta gargalos críticos, alerta Carlos Passos

O presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Carlos Henrique Passos, defendeu, nesta quinta-feira (13), em entrevista ao programa “De Olho na Bahia”, na Rádio Mix FM Salvador (104,3 FM), a necessidade urgente de melhorias na infraestrutura de transporte, especialmente o ferroviário, para acelerar a recuperação do setor. Segundo ele, a solução de alguns gargalos na indústria na Bahia tem avançado, mas é fundamental que sejam superados para que o Estado atinja seu pleno potencial econômico.

Transporte ferroviário é essencial

Passos citou dois gargalos principais que ainda travam o desenvolvimento da indústria na Bahia. O primeiro deles é a infraestrutura, que, de acordo com o presidente da Fieb, precisa ser modernizada e aprimorada para garantir uma maior eficiência no escoamento da produção. A Bahia, por ser um Estado de dimensões continentais, tem uma complexa rede de logística que demanda soluções inovadoras, especialmente em relação ao transporte ferroviário.

A importância da ferrovia para o transporte de cargas foi enfatizada por Passos, que destacou a construção e conclusão da Ferrovia Oeste-Leste (Fiol) como uma das principais soluções para superar os gargalos logísticos no Estado.

“Se nós conseguirmos viabilizar a ligação da Fiol com a Ferrovia Centro-Oeste (Fico), teremos um grande eixo de transporte ligando o litoral da Bahia ao coração do país, facilitando o escoamento de grãos e outros produtos”.

A Fiol é vista como uma das maiores promessas de modernização do transporte ferroviário na Bahia. Ela deverá não só facilitar o escoamento de produtos agrícolas como o algodão — que representa 20% da produção nacional —, mas também possibilitar a ligação do Estado com regiões de alta produção, como o Centro-Oeste. Para Passos, o fortalecimento do transporte ferroviário é essencial para a competitividade da Bahia no mercado global, já que “toda a carga que chega ao porto da Bahia tem um destino no resto do mundo”.

Infraestrutura rodoviária

Apesar dos avanços no setor ferroviário, a infraestrutura rodoviária também apresenta sérios desafios. Passos não deixou de criticar a concessão da ViaBahia, responsável por importantes as rodovias: BR-116, BR-324, BA-526 e BA-528. Para ele, a concessionária tem prestado um serviço inadequado à população e à indústria.

“É muito ruim para a Bahia continuar com essa concessão. O governo federal, ao rescindir o contrato com a ViaBahia, deverá investir recursos públicos para compensar a empresa. Isso é preocupante, pois não houve investimentos significativos ao longo dos anos”.

Passos também mencionou a situação crítica da BR-116, um dos principais corredores rodoviários da Bahia, com sérias carências. “A BR-116 tem trechos inacabados, o que compromete o fluxo de cargas e contribui para os elevados índices de acidentes”, disse ele, destacando o impacto dessa situação no distrito industrial de Vitória da Conquista.

Interligação ferroviária e portuária como solução

Ainda na entrevista, Passos ressaltou a importância da interligação entre os portos da Bahia e o transporte ferroviário. A Baía de Todos-os-Santos, que abriga os portos de Salvador e Aratu, oferece uma grande vantagem estratégica, mas, segundo ele, a eficiência no escoamento de carga depende de uma infraestrutura integrada.

“A principal carência no setor portuário da Bahia é a falta de uma interligação ferroviária eficiente. A Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) é fundamental para garantir a conexão entre os portos e o resto do país”, explicou.

Além disso, o Porto Sul de Ilhéus, que está em desenvolvimento, pode contribuir significativamente para o escoamento de cargas do Centro-oeste e Oeste da Bahia. No entanto, o presidente da Fieb alertou para a importância de uma infraestrutura integrada.

“Não adianta ter a Fiol funcionando sem a infraestrutura portuária complementar”, pontuou.

Investimentos urgentes

De acordo com Passos, embora a Bahia tenha potencial para se tornar um polo industrial competitivo, o Estado precisa urgentemente de investimentos em infraestrutura. Ele reforçou que tanto o transporte ferroviário quanto rodoviário, além dos investimentos portuários, são necessários para garantir o fluxo contínuo de cargas e o crescimento do setor.

“Não podemos mais esperar. O Brasil já esgotou sua capacidade de investimento com orçamento público. É hora de viabilizar investimentos privados para que possamos concretizar os projetos de infraestrutura que são vitais para a recuperação e o crescimento da indústria baiana”, concluiu.