O mercado financeiro está atento à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorre nesta terça (6) e quarta-feira (7), para definir os rumos da taxa básica de juros, a Selic. De acordo com o Boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central (BC), a expectativa das instituições financeiras é que a Selic seja elevada para 14,75% ao ano, marcando o que pode ser a última alta em 2025. Atualmente, a taxa está em 14,25% ao ano, após cinco aumentos consecutivos.

Essa nova elevação, caso confirmada, representará o ápice de um ciclo de aperto monetário iniciado em setembro do ano passado. Naquele momento, os juros estavam em 10,5% ao ano, mas foram reajustados gradualmente: primeiro em 0,25 ponto percentual, depois em 0,5 e, em seguida, três vezes em 1 ponto percentual. Para esta semana, a expectativa é de uma alta mais moderada, de 0,5 ponto.

Projeções para Selic até 2028

Segundo os analistas, a taxa deve se manter em 14,75% até o fim de 2025, mas há projeção de queda gradual nos anos seguintes. Para 2026, o mercado espera uma Selic de 12,5% ao ano, enquanto para 2027 e 2028 as expectativas apontam para 10,5% e 10% ao ano, respectivamente. Essas previsões refletem a aposta em um alívio gradual nas condições monetárias à medida que a inflação for controlada.

O Boletim Focus também destacou que, pela primeira vez em 16 semanas, a mediana das projeções para a Selic no fim de 2025 recuou de 15% para 14,75%. Esse ajuste mostra que os agentes econômicos começam a ver espaço para o fim do ciclo de alta. Considerando apenas as últimas 102 projeções atualizadas nos cinco dias úteis anteriores, a expectativa intermediária para a taxa também caiu para 14,75%.

Combate à inflação continua no radar

A elevação da Selic é o principal instrumento usado pelo Banco Central para conter a inflação. Segundo o Copom, a economia brasileira segue aquecida, ainda que haja sinais de moderação no crescimento. O BC alertou que a inflação de serviços segue resistente e que continuará monitorando a política econômica do governo.

Nesta edição do Focus, a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, passou de 5,55% para 5,53% em 2025, ultrapassando o teto da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 4,5%. Para 2026, a expectativa permanece em 4,51%, enquanto para 2027 e 2028 as projeções indicam 4% e 3,8%, respectivamente.

Em março, o IPCA registrou alta de 0,56%, pressionado principalmente pelos alimentos. No acumulado de 12 meses, a inflação alcança 5,48%, ainda acima do centro da meta.

Impacto sobre crédito, PIB e câmbio

A elevação dos juros tem reflexo direto no encarecimento do crédito e no estímulo à poupança, freando a demanda e, consequentemente, os preços. Contudo, taxas mais altas também representam um desafio para o crescimento econômico. O mercado prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve crescer 2% em 2025, com expansão de 1,7% em 2026 e retomada para 2% em 2027 e 2028. Em 2024, a economia brasileira avançou 3,4%, o maior resultado desde 2021, quando o PIB cresceu 4,8%.

Já a previsão para a cotação do dólar é de R$ 5,86 no fim de 2025, chegando a R$ 5,91 ao final de 2026. As flutuações cambiais também entram no radar do BC, que observa com cautela os impactos externos, incluindo incertezas internacionais, como as tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos.

Copom mira flexibilidade para próximos passos

Apesar das sinalizações de alta moderada nesta reunião, os diretores do Banco Central indicaram que o Copom deve abandonar o forward guidance após maio, buscando maior flexibilidade para responder a um cenário global incerto. Com isso, o mercado segue atento a cada comunicado do BC, que continua sendo o principal balizador das expectativas sobre inflação e crescimento no Brasil.