A celebração mais tradicional do Nordeste brasileiro deve mais uma vez aquecer a economia da Bahia. De acordo com projeções da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA), o mês de junho impulsionado pelos festejos de São João deve gerar um faturamento total de R$ 2,5 bilhões nos setores de comércio e turismo. A estimativa prevê um crescimento de 2% nas vendas do varejo e de 7,5% nas atividades turísticas em relação ao mesmo período do ano passado.

Os dados refletem o impacto da maior festa regional do país, cuja influência vai além do entretenimento e da cultura, alcançando áreas estratégicas da economia baiana. Segundo a entidade, o comércio varejista deve atingir a marca de R$ 2 bilhões em faturamento, especialmente com a alta na procura por itens típicos como roupas juninas e alimentos tradicionais.

Varejo impulsionado por roupas típicas e alimentos juninos

Entre os principais segmentos beneficiados estão o setor de vestuário e os supermercados. O público, animado para curtir os festejos, movimenta as lojas em busca de trajes típicos, como vestidos de chita, camisas xadrez e acessórios. Já nos supermercados, a alta na demanda por produtos usados em receitas tradicionais, como milho, amendoim, coco e leite condensado, contribui para o desempenho positivo do comércio.

De acordo com o presidente do Sistema Comércio BA, Kelsor Fernandes, os consumidores também abastecem a casa para viagens e comemorações em família.

“São foliões em busca de tecidos e roupas típicas para aproveitar as festas. No setor de alimentos, observa-se uma procura intensa por insumos para a preparação de pratos juninos, como canjica, bolo de milho, cuscuz, entre muitos outros. Além disso, há uma demanda por mantimentos para abastecer a casa durante viagens com familiares e amigos, visando às refeições do período”, explica.

Queda no preço do milho alivia bolso do consumidor, mas derivados do leite sobem e podem encarecer receitas juninas, alerta Guilherme Dietze, consultor econômico do Sistema Comércio-BA.

 “Segundo o IBGE, o milho em conserva, utilizado como referência de preço, apresentou recuo de quase 13% na Região Metropolitana de Salvador em um ano até abril. Já o fubá de milho, outro produto com dados disponíveis nacionalmente pelo Instituto, teve queda de 4,37%. Por outro lado, os derivados do leite, como o leite longa vida e o leite condensado, registraram alta média de cerca de 10%, o que pode levar o consumidor a gastar um pouco mais com esses itens este ano”, disse Guilherme.

Turismo regional em ascensão com destaque para deslocamentos terrestres

O setor turístico também deve apresentar desempenho expressivo. A expectativa é de um faturamento de R$ 550 milhões, com um crescimento de 7,5% em comparação a junho de 2024. Esse avanço está diretamente ligado à natureza regional do São João, que impulsiona viagens dentro do estado, especialmente do litoral para o interior.

Segundo a Fecomércio-BA, os deslocamentos terrestres são os grandes responsáveis pelo aumento da movimentação. Nos últimos dois anos, a rodoviária de Salvador registrou o maior fluxo anual justamente no mês de junho, superando períodos tradicionalmente movimentados, como Natal e férias escolares. O mesmo padrão é observado nas rodovias pedagiadas do estado, onde junho figura entre os meses com maior volume de tráfego.

Esses dados indicam que a festa tem maior força no turismo regional, com destaque para cidades do interior da Bahia que concentram os grandes arraiais e atraem milhares de visitantes em busca de forró, quadrilhas, culinária típica e hospitalidade.