O mercado imobiliário em Salvador vive um dos seus melhores momentos dos últimos anos, alavancado principalmente pelo turismo e pela demanda crescente por imóveis compactos em regiões com forte apelo turístico. A avaliação é do presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA), Cláudio Cunha, em entrevista concedida, na manhã desta quinta-feira (8), ao programa De Olho na Bahia, da Rádio Mix Salvador (104.3 FM), comandado pelos jornalistas Matheus Morais e Osvaldo Lyra, editor-chefe do Portal M!.

Setor imobiliário cresce 24% e bate recordes em Salvador

Segundo Cláudio, o desempenho do mercado imobiliário de Salvador em 2024 surpreendeu positivamente.

“Crescemos em relação a 2023, 24%, que foi até um número surpreendente para todos nós. Lançamos 13.280 unidades e alcançamos um valor geral de vendas de R$ 5,3 bilhões”, afirma.

O presidente da Ademi-BA compara o atual cenário com o ciclo de forte expansão vivido entre 2008 e 2010. “Essa é uma marca superior àquele bom momento em que as empresas abriram capital e o mercado teve um grande crescimento”.

Taxa de juros impacta setor, mas cenário de médio prazo é promissor

Ainda de acordo com Cláudio, o mercado imobiliário em Salvador em 2025 começou com bons sinais “Janeiro foi muito bom. Crescemos 40% em relação ao mesmo mês de 2024. Lançamos R$ 305 milhões só nesse primeiro mês do ano”, aponta.

Apesar do ritmo positivo, o aumento recente da taxa de juros tem freado parte do otimismo do setor “Ontem [quarta], tivemos uma subida de mais 0,50%, chegando a 14,75%. Isso faz com que as empresas recuem um pouco para entender como vai ficar esse cenário”, explica.

Turismo impulsiona vendas de imóveis compactos em bairros estratégicos

Um dos principais motores do mercado imobiliário em Salvador tem sido o turismo, que vem transformando o perfil dos empreendimentos.

“Quase 50% dos imóveis lançados são os que a gente chama de standard e compactos”, explica Cláudio Cunha.

Esse movimento, segundo ele, atraiu novos perfis de investidores. “A gente vê a entrada de pessoas físicas como nós que passaram a ser realmente investidores de imóvel, principalmente em bairros com apelo turístico”.

O bairro da Barra é um dos destaques nesse cenário. “A Barra vinha até 2021 com muito pouco negócio sendo feito. De repente, as empresas começaram a verificar esse potencial do destino Salvador. A cidade sofreu uma requalificação”, comemorou.

Interior da Bahia também vive aquecimento do mercado imobiliário

Fora da capital, o mercado imobiliário no interior da Bahia também apresenta forte crescimento, com destaque para regiões turísticas e polos urbanos em expansão. “Esse movimento começou na pandemia, quando cidades fora da capital passaram a ter um desenvolvimento muito forte. Algumas delas chegaram a ter preços de venda superiores aos praticados em Salvador”, afirma Cláudio.

Segundo ele, o fenômeno foi puxado inicialmente pelas cidades litorâneas da Região Metropolitana. “A região de Mata de São João e Camaçari teve crescimento forte pela acessibilidade.”

Na sequência, outras áreas se destacaram. “Trancoso e Arraial d’Ajuda, no Sul da Bahia, tiveram um desenvolvimento impulsionado por turistas do Sul do país, que têm fácil acesso à região. A Chapada Diamantina também vem crescendo bastante”.

Feira de Santana, Ilhéus e Luís Eduardo Magalhães lideram entre cidades médias

Cidades-polo como Feira de Santana, Ilhéus e Luís Eduardo Magalhães lideram o crescimento fora da capital.

“Essas cidades vêm ganhando protagonismo no mercado. Feira é uma referência comercial e logística. Já Ilhéus e Luís Eduardo têm mostrado uma valorização contínua”.

Perspectiva otimista para futuro do mercado imobiliário baiano

Apesar dos desafios com a taxa de juros, o presidente da Ademi-BA mantém uma visão otimista sobre o futuro do setor. “O mercado imobiliário é de médio e longo prazo. Quem compra agora pode se beneficiar de uma redução de juros quando o imóvel estiver pronto”.

Conforme Cláudio Cunha, com uma combinação de crescimento urbano, requalificação turística e novas demandas por moradia e locação, o mercado imobiliário da Bahia segue como um dos mais promissores do país.