A avicultura baiana registrou, em 2024, um recorde histórico com a maior produção de ovos de galinha desde 2000. Foram, ao todo, 88,5 milhões de dúzias produzidas. O levantamento, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra um aumento de 7,4% em relação ao ano anterior. Mais da metade desse volume veio da região de Feira de Santana, considerada hoje o principal polo do setor no Estado.

Um dos destaques dessa região é o município de São Gonçalo dos Campos, onde a atividade se consolidou como força econômica local. Lá, produtores explicam o crescimento da avicultura com histórias de dedicação e investimento. Segundo donos de granjas da região, uma granja com 9 mil aves afirma produzir cerca de 7 mil ovos por dia.

Feira de Santana lidera produção estadual

A região de Feira de Santana reúne 11 municípios e concentra 53% da produção de ovos da Bahia. Segundo a presidente da Associação Baiana de Avicultura (ABA), Kerley Santos, o crescimento do setor foi possível graças ao esforço de produtores locais e à evolução técnica da cadeia.

“A avicultura começou com pequenos produtores buscando pintinhos em outros estados. Hoje, somos referência. Temos estrutura, conhecimento e profissionais qualificados”, afirmou a presidente da ABA.

Setor avícola baiano continua em expansão

Atualmente, a Bahia conta com 559 estabelecimentos ativos no setor, sendo 33 destinados à produção de ovos e 526 voltados para o frango de corte. Cerca de 16 milhões de pintinhos são alojados por mês, o que movimenta uma cadeia que emprega aproximadamente 15 mil pessoas.

Mesmo com São Paulo mantendo a liderança nacional, a Bahia vem ganhando protagonismo. No passado, 80% dos ovos consumidos no Estado vinham de fora. Hoje, esse número já caiu para 50%, refletindo a maior capacidade de abastecimento interno.

“Já melhoramos muito. Antes, de cada dez ovos consumidos aqui, apenas dois eram produzidos na Bahia. Hoje, são quatro ou cinco. Ainda temos muito espaço para crescer”, pontuou Kerley.

Desafios ainda freiam avanço pleno

Apesar dos resultados positivos, o setor enfrenta desafios com o aumento dos custos de produção. Os insumos (principalmente o milho, base da alimentação das aves) encareceram. Segundo Kerley Santos, o impacto do frete, das enzimas, das embalagens e de itens importados pressiona o preço final do ovo e afeta a margem dos produtores.

“Não é só o preço do ovo que sobe. É todo o sistema de produção. Se o milho aumenta, tudo aumenta. E a gente ainda depende de insumos de fora, o que complica ainda mais”, explicou a presidente da ABA.

Tecnologia e conhecimento técnico garantem qualidade

Os granjeiros afirmaram ainda que as estruturas para comportar as aves possuem sistemas de ventilação e climatização, que são decisivos para manter a produtividade em meio ao clima quente da região. De acordo com o médico-veterinário Jair Ribeiro, a eficiência na produção está diretamente ligada à adoção de boas práticas técnicas, especialmente em regiões de clima quente, como a Bahia.

“A temperatura elevada afeta a ingestão de alimentos pelas aves e interfere na qualidade da casca do ovo. Galpões bem posicionados e sistemas de climatização são essenciais para manter a produtividade e reduzir perdas”, explicou.

Ribeiro destaca ainda que, sem o controle adequado de temperatura, as galinhas tendem a beber mais água, comer menos ração e produzir ovos mais frágeis. Isso reduz tanto o volume quanto a viabilidade comercial dos produtos.

Abate de frangos também registra alta

Além da produção recorde de ovos, o abate de frangos na Bahia também cresceu. Foram 130,9 milhões de animais em 2024, um aumento de 1,8% em comparação ao ano anterior. O dado reforça a tendência de fortalecimento do setor avícola baiano, que vem se firmando como um dos pilares do agronegócio no Estado.