Presidente da Fieb faz balanço positivo de 2024, festeja chegada da BYD e projeta desafios para 2025

A economia brasileira deve encerrar o ano com um crescimento entre 3,4% e 3,5% do PIB, superando as previsões iniciais do mercado. A avaliação é do presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Carlos Henrique Passos, que apresentou ao Portal M! um balanço sobre o desempenho da indústria em 2024.

“Nosso balanço é de um saldo positivo entre dificuldades, oportunidades e crescimento. A indústria da Bahia e a do Brasil devem apresentar, ao final de 2024, um crescimento acima daquele que era previsto pelos analistas de mercado”.

Consumo interno alavancou resultado, diz presidente da Fieb

A indústria voltada ao consumo interno foi a principal responsável pelo desempenho positivo, enquanto o agronegócio enfrentou desafios, avalia o presidente da Fieb, Carlos Henrique Passos.

“Parte significativa desse crescimento veio da indústria, já que o agronegócio este ano não pôde colaborar”.

Passos também destacou o papel central da indústria no avanço econômico do Brasil este ano. Já a economia baiana mostrou resistência e capacidade de crescimento, segundo ele, apesar das adversidades internacionais e nacionais.

Queda do desemprego

Os dados do IBGE indicam uma redução na taxa de desemprego na Bahia para 9,7% no terceiro trimestre de 2024, a mais baixa desde 2012.

No setor industrial, foram criados 7.665 novos empregos nos últimos 12 meses, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego.

Presidente da Fieb chama atenção para taxa de juros

Para 2025, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) prevê um crescimento de 2,4% para a economia brasileira e 2,1% para a indústria nacional. No entanto, as perspectivas são temperadas por desafios significativos, alerta Passos.

“A taxa de juros reais do Brasil, que é a diferença entre a Selic e o IPCA, ainda é um ponto de atenção. Hoje, o país possui a segunda maior taxa de juros reais do mundo, o que prejudica a recuperação econômica e aumenta os desafios enfrentados pelo setor produtivo”.

Volatilidade dos mercados financeiros

A recente volatilidade nos mercados financeiros, com alta do dólar e dos juros, também preocupa, de acordo com o presidente da Fieb.

“Esperamos que o governo consiga resgatar credibilidade junto ao mercado para que os ativos financeiros, que têm sido muito voláteis nessas últimas semanas, possam retornar ao seu curso normal”.

Além disso, a economia mundial, com a desaceleração na China e tensões no mercado de petróleo, adiciona inseguranças.

“Outro fator que traz incerteza é o início do governo Trump nos Estados Unidos, com ameaça de elevação de tarifas de importação de manufaturados e o acirramento das tensões comerciais“, destacou o superintendente da Fieb, Vladson Menezes.

Presidente da Fieb aponta desafios dos setores

Setores específicos da indústria baiana enfrentarão desafios distintos. O segmento químico e petroquímico pode encontrar dificuldades devido à queda nos preços internacionais e à concorrência de produtos importados. O setor de refino de petróleo também deve ser impactado por um mercado global retraído.

Por outro lado, há otimismo para a produção de automóveis com a chegada da fábrica da BYD em Camaçari.

“A planta deve impulsionar a economia estadual com geração de empregos e renda. A BYD é o grande investimento da Bahia e terá um impacto significativo nos nossos indicadores industriais”.

A construção civil tem potencial de crescimento, apoiada por programas como o Minha Casa, Minha Vida e investimentos do PAC, apesar dos juros elevados.

Quanto a setores como alimentos, bebidas, calçados, têxteis e móveis, devem registrar um crescimento moderado.