Após a eleição de Donald Trump, o mundo viverá uma “onda protecionista”. A declaração é do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloízio Mercadante, que comentou nesta terça-feira (12) o impacto das políticas americanas na economia global. Mercadante afirmou que o cenário exigirá que o Brasil considere medidas protecionistas próprias, mas “de forma transparente”.

Ele destacou que essas medidas podem ser implementadas com a adoção de cotas e outras ações racionais, enfatizando a necessidade de manter uma visão estratégica. Ele declarou que o Brasil deve tratar sempre seus parceiros comerciais como “aliados estratégicos”, ainda que busque uma política de defesa comercial mais firme.

O comentário foi feito durante o fórum “Estadão Think”, realizado no salão nobre da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), onde o presidente do BNDES apresentou suas considerações sobre o impacto do protecionismo global para a economia brasileira.

Para ilustrar sua visão, Mercadante citou a China, país que, segundo ele, alcança sucesso econômico por meio de uma nova relação entre o Estado e o mercado. Ele afirmou que esse modelo chinês oferece lições úteis para a estratégia brasileira, em um cenário de maior protecionismo internacional.

O presidente do BNDES reforçou que, caso Trump avance com sua agenda protecionista, o Brasil precisará de medidas de defesa comercial. “É ingenuidade achar que não vai haver nova onda protecionista dos EUA”, afirmou Mercadante, indicando a necessidade de o Brasil se adaptar a uma nova ordem econômica.

“Eu não tenho nada contra America First, mas eu sou Brasil First”, acrescentou Mercadante, ao afirmar que o país deve adotar uma postura assertiva em defesa de seus interesses comerciais e econômicos.

“Problema para a América Latina”

Em agosto, durante entrevista ao jornal El País, Mercadante considerou que “o protecionismo é um problema, sobretudo, para a América Latina”. Ele ressaltou que o Brasil precisa responder a essa tendência com estratégias que aumentem a competitividade e fortaleçam suas relações internacionais.

Ele destacou a importância da Espanha como um parceiro estratégico para o Brasil, mencionando que o país é um dos principais investidores estrangeiros, com forte atuação nos setores de energia e infraestrutura. Ele mencionou os esforços em curso para intensificar as relações comerciais com a Espanha, aproveitando essa parceria para fomentar investimentos em setores-chave da economia brasileira.