O impasse entre o Grupo Carrefour Brasil e grandes frigoríficos nacionais causou uma interrupção no fornecimento de carnes para mais de 150 lojas da rede em todo o país. A medida foi uma reação direta à decisão do Carrefour na França de suspender a venda de carne oriunda do Mercosul, o que gerou forte oposição do setor agropecuário brasileiro.

De acordo com o Grupo Carrefour Brasil, a paralisação das entregas afeta suas unidades do Carrefour, Atacadão e Sam’s Club. “Infelizmente, a decisão pela suspensão do fornecimento de carne impacta nossos clientes, especialmente aqueles que confiam em nós para abastecer suas casas com produtos de qualidade e responsabilidade”, declarou a empresa em nota oficial.

A rede esclareceu, contudo, que não há desabastecimento imediato em suas lojas. Entretanto, fontes da indústria indicam que os reflexos da suspensão podem ser percebidos a partir desta semana, devido aos estoques limitados de produtos resfriados e congelados. A decisão foi acompanhada por um pedido do governo federal para que o setor adote “ações enérgicas” contra o boicote anunciado pela matriz francesa.

Entre os frigoríficos que aderiram à interrupção estão grandes nomes como JBS, Marfrig e Masterboi. Apenas a Friboi, marca bovina da JBS, representa 80% do fornecimento total de carnes ao Carrefour no Brasil, alcançando 100% nas unidades do Atacadão. Segundo informações obtidas, a JBS cancelou imediatamente a saída de produtos de seus centros de distribuição que seriam destinados à rede varejista.

A medida foi desencadeada após declaração do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, que, na última quarta-feira (20), anunciou que a rede não venderia mais carne do Mercosul em suas lojas na França. Em resposta, um frigorífico suspendeu no mesmo dia o envio de caminhões para abastecer 50 lojas brasileiras.

No Brasil, o Carrefour lamentou o cenário e reforçou seu compromisso com o setor agropecuário. “Nós, do Grupo Carrefour Brasil, lamentamos profundamente a atual situação e reafirmamos nossa estima e confiança no setor agropecuário brasileiro, com o qual sempre mantivemos uma relação sólida e de parceria”, diz a nota oficial.

Além disso, a empresa destacou sua relação de décadas com os fornecedores e o compromisso com os consumidores. “Estamos em diálogo constante na busca de soluções que viabilizem a retomada do abastecimento de carne nas nossas lojas o mais rápido possível, respeitando os compromissos que temos com nossos mais de 130 mil colaboradores e milhões de clientes em todo o Brasil”, concluiu.

A indústria, por sua vez, exige uma retratação pública de Bompard para que as entregas sejam retomadas. Enquanto isso, o setor monitora os desdobramentos do caso, que impacta não apenas o comércio varejista, mas também a confiança mútua entre as partes.