O faturamento real da indústria de transformação, descontada a inflação, registrou crescimento de 3,3% em janeiro de 2025, segundo a pesquisa Indicadores Industriais, divulgada nesta sexta-feira (14) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Na comparação com janeiro de 2024, o aumento foi de 12,8%, refletindo o aquecimento da produção e do consumo. As informações são da Agência Brasil.

Demanda alta, mas cenário desafiador

De acordo com a CNI, a demanda por bens industrializados segue elevada, o que contribui para o crescimento do faturamento. No entanto, a entidade alerta que a desaceleração da economia, impulsionada pelo aumento dos juros, pode dificultar a manutenção desse ritmo nos próximos meses.

O número de horas trabalhadas na produção também apresentou melhora, com alta de 1,9% em janeiro frente a dezembro de 2024, revertendo a queda de 1,4% observada nos dois meses anteriores. Em relação a janeiro do ano passado, o indicador acumula crescimento de 5,4%.

Capacidade instalada e mercado de trabalho

A utilização da capacidade instalada (UCI) manteve-se estável em 78,2% em janeiro, na comparação com dezembro de 2024, considerando a série livre de efeitos sazonais. Em relação a janeiro do ano passado, houve uma queda de 0,8 ponto percentual.

No entanto, o bom desempenho da indústria não se reflete com a mesma intensidade no mercado de trabalho. Em janeiro, o número de postos de trabalho ativos no setor cresceu apenas 0,1%. A massa salarial recuou 0,3%, e o rendimento médio do trabalhador industrial caiu 0,8%. A CNI prevê que o aumento dos juros deve interromper a alta do emprego industrial.

Na comparação com janeiro de 2024, o mercado de trabalho industrial apresentou resultados melhores, com aumento de 2,4% no total de postos ativos. Contudo, a massa salarial real recuou 1,8%, e o rendimento médio real caiu 4%.

Indicadores industriais e abrangência da pesquisa

Realizada desde 1992 em parceria com as Federações Estaduais das Indústrias, a pesquisa Indicadores Industriais monitora a evolução de curto prazo da atividade da indústria de transformação. Os estados pesquisados respondem por mais de 90% do produto industrial brasileiro.

Produção de veículos cresce 14,8% no primeiro bimestre de 2025

O setor automotivo também apresentou resultados positivos no início do ano. A produção de veículos automotores registrou alta de 14,8% nos dois primeiros meses de 2025, totalizando 392,9 mil unidades, segundo dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

De acordo com a Anfavea, parte desse crescimento é resultado da recuperação das exportações no início do ano. “Esse bom desempenho dos embarques está associado ao crescimento de 172% nos envios de veículos para a Argentina no primeiro bimestre. Ao todo, 76,7 mil unidades saíram do Brasil neste ano, 55% a mais que nos dois primeiros meses de 2024, sendo 62% desse montante para o país vizinho”, destacou.

No mercado interno, as vendas de veículos subiram 19%, atingindo 356,2 mil unidades no primeiro bimestre de 2025.

Aumento de veículos importados

O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, ressaltou o aumento contínuo da participação dos veículos importados, que já representa mais de 21% do volume de vendas.

“Desde 2012 não havia uma presença tão grande de modelos estrangeiros nas vendas, e boa parte dessa elevação se deve a veículos de fora do Mercosul, em especial os eletrificados chineses”, afirmou.

Crescimento no segmento de ônibus

O segmento de ônibus foi um dos que mais cresceram no primeiro bimestre, com 3,7 mil unidades emplacadas e 4,3 mil produzidas, representando altas de 50% e 11%, respectivamente, em relação ao mesmo período de 2024. “Os motivos para essa aceleração são as entregas dentro do programa Caminho da Escola e o reaquecimento do transporte municipal”, explicou a Anfavea.