João Lopes cobra apoio do governo para produtores enfrentarem escassez de café
Presidente da Assocafé defende reativação de políticas de estoques reguladores, já utilizadas no passado para estabilidade ao mercado

O presidente da Associação dos Cafeicultores da Bahia (Assocafé), João Lopes Araújo, cobrou, nesta terça-feira (18), a importância do apoio governamental para mitigar os efeitos da crise climática, bem como para ajudar os produtores a enfrentarem a escassez de café. Em entrevista ao Portal M!, João ressaltou que, embora o governo não possa controlar o clima, pode atuar na criação de políticas públicas que ajudem a combater os efeitos da falta de chuva e oferecer suporte técnico e financeiro aos produtores.
“O estado tem que fazer um processo para dar um apoio, para reduzir, para frear essa queda, e o governo federal também precisa participar”, afirmou.
Uma das soluções apontadas por Lopes é a reativação de políticas de estoques reguladores, que já foram utilizadas no passado para garantir estabilidade ao mercado de café. Conforme o especialista, essas políticas permitiriam ao governo adquirir café durante a colheita, quando a produção é abundante, e vendê-lo durante a escassez, estabilizando os preços e garantindo o abastecimento do mercado.
“O Brasil sempre teve um programa, quando eles tinham o Instituto Brasileiro do Café, quando o Brasil comprava café na época da colheita porque o produtor precisava vender para o preço não cair muito, o governo comprava e quando acabava a colheita que começava a procura e o preço começava a subir, o governo começava a vender, então o governo ainda ganhava dinheiro nessa operação e dava com esse estoque regulador uma segurança no mercado”, lembrou.
Na avaliação de João Lopes, a falta de regulação no mercado tem deixado os produtores mais vulneráveis às flutuações de preços, o que agrava ainda mais a crise enfrentada.
Consumo crescente
A situação é preocupante, e a previsão é que a alta nos preços do café continue nos próximos meses, especialmente porque a safra brasileira só começará a chegar ao mercado em maio. Com a escassez de produção em outros países, como Vietnã e Indonésia, o mercado está cada vez mais vazio, o que leva à expectativa de que o preço da saca de café chegue a valores recordes. Para agravar ainda mais a situação, muitos produtores de café, especialmente no estado da Bahia, não têm perspectivas de retorno à cultura, pois a rentabilidade continua a ser baixa em comparação com outras culturas.
“O consumo é crescente. Nós descobrimos agora que na Ásia, além da China estar chegando a 15 milhões de sacas com um crescimento no ano de 15%, nós estamos com o crescimento na Índia, com o crescimento da Indonésia, com o crescimento do consumo. Então o brasileiro pode procurar plantar café porque mercado não vai faltar”, disse.
“O consumo para esse ano, com essa escassez que a gente está, o consumo no mundo é de 180 milhões de sacas. E a produção? E a produção vai ser, talvez, dependendo da chuva nas nossas fazendas aqui no Brasil, etc. A nossa produção pode ser 165, tomara que chegue a 170 para poder o mercado não ficar tão vazio, né?”, complementou.
Cenário crítico no mercado de café
A escassez de grãos e o aumento da demanda global criaram um cenário dramático para o setor. O Brasil, responsável por 40% do consumo mundial, exportou 50 milhões de sacas em 2023, mas isso não foi suficiente para equilibrar o mercado.
“A produção de café não tem crescido. O Brasil já teve 70% de participação no mercado de consumo do mundo e agora estava em torno de 36%, por aí. Agora, como no ano passado, nós exportamos 50 milhões de sacas, então chegamos a 40% do consumo mundial”, observou.
O presidente da Assocafé afirmou nunca ter visto “coisa igual” no mercado. “Eu tenho 53 anos no café e nunca vi coisa igual. A gente sempre diz na Café Cultura que no café não tem um ano igual, todo ano muda alguma coisa. Mas dessa vez foi uma mudança radical, porque nós cometemos, nós, eu digo o mercado cometeu alguns enganos”, pontuou.
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