A montadora chinesa BYD (Build Your Dreams) deu um passo importante em sua operação no Brasil ao abrir mais de 500 vagas de emprego em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. O anúncio ocorre logo após o início da fase de testes na fábrica instalada no antigo complexo industrial da Ford, desativado em 2021.

Atualmente, cerca de mil colaboradores já atuam na planta baiana. Com a expansão das atividades, o número de empregos deve crescer significativamente nos próximos meses. As admissões começam ainda em julho e seguem até agosto, com a expectativa de que o projeto atinja 20 mil postos diretos e indiretos quando estiver operando em plena capacidade.

Oportunidades contemplam diversos níveis de formação

As vagas estão disponíveis nas plataformas SineBahia, Centro Interamericano de Administrações Tributárias (Ciat) e Gupy, e incluem funções de níveis médio e superior. Há oportunidades nas áreas industrial, logística, administrativa e de engenharia. Entre os principais cargos ofertados estão:

• Ajudante de produção
• Operador logístico
• Soldador e funileiro
• Técnico de mecatrônica
• Motorista e eletricista
• Operador de empilhadeira
• Analista de comércio exterior
• Inspetor de qualidade

Interessados devem comparecer à Casa do Trabalhador (em Salvador) ou ao CIAT (Camaçari), munidos de documentos pessoais, carteira de trabalho, certificados de cursos e comprovante de residência. Também é possível se candidatar via plataforma digital no site.

“A abertura da nossa linha de montagem de veículos em Camaçari exige a contratação de trabalhadores qualificados, e é isto o que estamos fazendo agora”, afirmou Alexandre Baldy, vice-presidente sênior da BYD no Brasil.

Montagem começa com veículos elétricos importados da China

A fase de testes da linha de produção teve início, na última terça-feira (1º), com o modelo SKD (Semi Knocked Down), em que os carros chegam semimontados da China. Os primeiros modelos a passarem pela montagem local são o Song Pro e o Dolphin Mini — este último o carro elétrico mais vendido do Brasil em 2025.

A planta baiana possui capacidade inicial para montar 150 mil veículos por ano, com previsão de expansão para 300 mil até 2026. No momento, todos os componentes ainda são importados, mas a nacionalização de até 80% das peças já é prevista para os próximos anos.

“O projeto de nacionalização vai garantir maior competitividade à indústria automotiva instalada na Bahia”, disse Augusto Vasconcelos, secretário estadual do Trabalho.

Incentivos fiscais e polêmicas no setor automotivo

A chegada da BYD à Bahia gerou entusiasmo político e econômico, mas também provocou controvérsia no setor. A empresa solicitou redução das alíquotas de importação para veículos nos regimes SKD e CKD, o que irritou associações de fabricantes nacionais. Atualmente, o imposto de importação é de 18% no SKD e 5% no CKD.

Além disso, a montadora conta com incentivos fiscais robustos do governo baiano, como:

• Isenção de IPVA para veículos de até R$ 300 mil
• Alíquota reduzida de ICMS (2,5%) para os demais
• Desconto de 95% no ICMS geral da operação

Os benefícios foram negociados durante o governo de Rui Costa (PT), atual ministro da Casa Civil.

Disputa por terreno e investimento bilionário

A estrutura industrial foi adquirida da Ford por R$ 287,8 milhões, após disputa com a empresa brasileira Lecar, que prometia lançar modelos populares abaixo de R$ 100 mil. O terreno de 4,6 milhões de metros quadrados tem capacidade instalada para produção de 400 mil veículos por ano.

O investimento total da BYD no Brasil está estimado em R$ 5,5 bilhões, dos quais R$ 1,4 bilhão já foi aplicado na unidade de Camaçari. A operação marca uma nova era para a indústria automotiva no Nordeste, posicionando a Bahia como um polo estratégico para a mobilidade elétrica no país.

Futuro promissor para indústria e emprego no Nordeste

A expansão da BYD em Camaçari reforça o protagonismo da Bahia na reindustrialização brasileira. Com geração massiva de empregos, tecnologia de ponta e compromisso com a transição energética, o projeto tem potencial para transformar a economia local e impulsionar o desenvolvimento sustentável no estado.

Para especialistas do setor automotivo, o sucesso da operação poderá atrair novas cadeias produtivas e fornecedores, consolidando o Nordeste como hub de inovação da indústria verde no Brasil.