BNDES e Conab firmam parceria para modernizar armazéns e otimizar imóveis públicos

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou, nesta última quarta-feira (12), a formalização de um contrato com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a troca de ativos imobiliários e reinvestimento em armazéns da estatal. O acordo foi celebrado por meio de contrato de prestação de serviços técnicos especializados, com o objetivo de modernizar a infraestrutura de armazenagem da Conab e ampliar sua capacidade operacional.

A medida visa aumentar a capacidade de armazenagem da empresa, atualmente em 900 mil toneladas, para 1,2 milhão de toneladas, após a reforma das unidades.

Parceria para aumentar capacidade de armazenagem

A parceria entre a Conab e o BNDES envolveu a alienação de nove imóveis, a maioria localizada em áreas urbanas e sem uso adequado para as atividades da companhia. Com isso, o Banco Central (BC) será responsável por intermediar os processos de licitação dos imóveis.

O valor estimado dos imóveis em questão gira em torno de R$ 175 milhões. Segundo o BNDES, a expectativa é que o primeiro edital de licitação seja lançado ainda este ano, com novos imóveis podendo ser adicionados à lista à medida que o processo evolui.

“Essa operação foi considerada a forma mais rápida para reocupar imóveis inutilizados pela companhia, que estavam gerando custos anuais de R$ 8 milhões com manutenção, segurança, energia e limpeza. A previsão é que, após a recuperação das unidades, a capacidade operacional de armazenagem da Conab aumente em 33%”, disse Edegar Pretto, diretor-presidente da Conab.

O diretor de Planejamento e Relações Institucionais do BNDES, Nelson Barbosa, explicou que o banco será responsável pelo desenvolvimento do projeto de recuperação e valorização dos ativos da Conab, além de buscar interessados e definir as contrapartidas em contratos gerenciados pela instituição.

“O BNDES fará o projeto de recuperação e valorização de ativos dispostos pela Conab e procurará interessados para os ativos e quais serão as suas contrapartidas em contratos organizados pelo banco”, disse Barbosa.

Os imóveis serão avaliados com base no valor de mercado. O BNDES prevê que o primeiro edital de licitação seja lançado até o final deste ano. À medida que os imóveis forem vendidos ou concedidos, novos ativos poderão ser incluídos no contrato entre o banco e a estatal, em uma segunda fase do projeto.

 “É um processo que vai rapidamente viabilizar recursos para investimento em armazenagem da Conab”, avaliou. 

Benefícios e impactos para produção agrícola

De acordo com a Conab, a operação busca também atender à necessidade do governo federal de aumentar os estoques de produtos agrícolas essenciais, como trigo, milho e arroz. A ampliação da capacidade de armazenagem é vista como uma estratégia importante para equilibrar o mercado, especialmente em momentos de crise ou quando há necessidade de garantir a distribuição de alimentos em regiões carentes.

“Estoque público é importante para dar equilíbrio de preço ao mercado quando for necessário e para propiciar venda de balcão em regiões onde há necessidade”, afirmou Pretto.

Atualmente, cerca de 200 mil toneladas da capacidade de armazenagem da Conab estão ocupadas com estoques de trigo. O restante da capacidade é utilizado para armazenar cestas básicas e também é alugado a agentes privados.

O objetivo da Conab, que planeja dobrar sua capacidade de armazenagem até o final de 2026, está alinhado com a necessidade de expandir a capacidade de armazenamento no país, já que a capacidade estática de armazenagem no Brasil é de 210 milhões de toneladas. Nesse sentido, a parceria com o BNDES surge como uma solução eficiente para modernizar a infraestrutura logística do país e garantir o equilíbrio da produção agrícola.

“Há grande necessidade de ampliação de armazenagem no País como um todo. Hoje a capacidade estática de armazenagem do Brasil é de 210 milhões de toneladas”, disse Edegar.

Além das unidades próprias, a Conab também possui parcerias com unidades armazenadoras credenciadas, incluindo 75 instalações de agentes privados com capacidade de armazenar até 5 milhões de toneladas. Somente em 2024, a Conab investiu R$ 14 milhões na recuperação de armazéns, com previsão de alcançar R$ 75 milhões em investimentos ao longo deste ano.

“Em 2024, investimos R$ 14 milhões na recuperação de armazéns. Neste ano, devemos chegar em R$ 75 milhões para investimento em outras regiões, sendo R$ 15 milhões reservados do orçamento da companhia e o restante em parceria com a Itaipu Binacional“, observou Edegar.

Reestruturação financeira e investimentos

De acordo com o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, a parceria com o BNDES permitirá à Conab uma reestruturação financeira para expandir sua capacidade de armazenagem sem a necessidade de recursos orçamentários. “Temos que aumentar a capacidade de armazenamento no Brasil. Essa engenharia financeira para capitalizar a Conab não vai requerer recursos orçamentários”, disse.

Nelson Barbosa afirmou que uma das responsabilidades do banco público é facilitar o aumento dos investimentos para a Conab. Ele mencionou que o BNDES já esteve envolvido em projetos semelhantes com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a companhia estatal CEDAE, a Aeronáutica e o município de Recife.