Alta nos alimentos pressiona percepção da inflação, mas renda sustenta confiança do consumidor
Com mercado de trabalho aquecido, brasileiros conseguem ajustar orçamento e mantêm projeções de longo prazo em queda

O avanço contínuo dos preços dos alimentos tem influenciado diretamente a percepção dos brasileiros sobre a inflação. Dados recentes mostram que, apesar de a pressão inflacionária sobre itens alimentícios persistir há oito meses consecutivos, os consumidores mantêm um certo equilíbrio em suas expectativas futuras de inflação, sinalizando uma resiliência ancorada na melhora da renda e no fortalecimento do mercado de trabalho.
Segundo levantamento da pesquisadora Anna Carolina Gouveia, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), as projeções de inflação feitas pelos consumidores recuaram para 6,4% em abril, após atingirem 6,6% em março e 6,8% em janeiro. O movimento de desaceleração acontece mesmo em um cenário de inflação acumulada elevada para alimentos e bebidas 7,81% nos 12 meses encerrados em abril, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Pressão dos alimentos limita otimismo, mas não inverte tendência
A sequência de aumentos nos preços de itens essenciais, como arroz, feijão, frutas, carnes e hortaliças, tem provocado maior cautela por parte das famílias. O impacto no orçamento é imediato, especialmente entre os consumidores de menor renda, o que contribui para elevações periódicas nas expectativas inflacionárias de curto prazo.
Apesar disso, a percepção geral da população não entrou em uma trajetória de deterioração aguda. Em setembro de 2024, antes do atual ciclo de alta dos alimentos, a expectativa de inflação para os 12 meses seguintes estava em 6,0% — patamar que, embora mais baixo que o atual, ainda não representa uma diferença drástica. Esse comportamento indica que os consumidores vêm ajustando suas projeções conforme a evolução do cenário, mas sem perder totalmente a confiança no controle inflacionário a médio prazo.
Renda em crescimento amortece o impacto inflacionário
A contenção do pessimismo tem sido atribuída, em parte, ao aumento da renda disponível e à estabilidade do mercado de trabalho. Com mais pessoas empregadas e um poder de compra relativamente preservado, as famílias têm conseguido readequar seus hábitos de consumo. A substituição de produtos mais caros por itens mais acessíveis é uma das estratégias adotadas para enfrentar o encarecimento dos alimentos sem comprometer completamente o orçamento doméstico.
Esse movimento de adaptação tem contribuído para evitar saltos mais expressivos nas projeções inflacionárias. Em momentos anteriores, como em fevereiro de 2016 e julho de 2022, as expectativas chegaram a 11,4%, recordes históricos desde o início da série em 2005. O cenário atual, embora desafiador, se mostra menos alarmante diante dessas comparações.
Perspectiva de longo prazo sinaliza melhora gradual
Outro dado relevante é a percepção dos consumidores em relação à inflação de mais longo prazo. No horizonte de três anos, houve uma melhora nas expectativas: depois de alcançar 8,0% em fevereiro, a projeção caiu para 7,8% em março e atingiu 7,3% em abril. O recuo indica que, apesar das pressões momentâneas, a população ainda enxerga espaço para uma trajetória de estabilização inflacionária no futuro.
“É possível que os consumidores possam ter reavaliado suas expectativas em relação ao início do ano ao perceberem que, apesar de alguma aceleração, a inflação não está em trajetória de crescimento explosiva. Com o mercado de trabalho ainda forte e as pessoas com mais renda, elas conseguem fazer alguma substituição de itens, o que ajuda a conter um maior pessimismo. Apesar de não ser ideal, conseguem ajustar a alta dos preços nos seus orçamentos”, disse Anna Carolina Gouveia.
Previsão de crescimento do PIB melhora, mas inflação segue fora da meta
A projeção do mercado financeiro para o desempenho da economia brasileira em 2025 teve leve avanço, segundo o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central. A estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) subiu de 2% para 2,02%, reforçando a expectativa de crescimento moderado. Apesar disso, a inflação prevista para o mesmo período continua acima do limite estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional. Com uma taxa projetada de 5,5%, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ultrapassa o teto da meta, fixado em 4,5%, o que gera preocupação quanto ao controle da alta de preços. A persistência da inflação elevada, somada a juros altos e à volatilidade do câmbio, mantém o cenário econômico desafiador nos próximos meses.
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