O clima de otimismo começa a tomar conta do setor de alimentação fora do lar. Com a chegada do fim do ano e a liberação do 13º salário, bares e restaurantes de todo o país se preparam para um dos períodos mais movimentados do calendário. A combinação entre férias escolares, confraternizações corporativas e festas familiares promete reforçar o caixa das empresas e injetar bilhões de reais na economia nacional.

De acordo como presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, 81% dos empresários esperam aumento no faturamento em relação ao mesmo período de 2024. A maioria prevê crescimento de pelo menos 10% nas vendas até o final de dezembro.

“O pagamento do 13º salário, além das festas e férias de fim de ano, deve impulsionar o consumo. Estamos confiantes em uma recuperação gradativa, especialmente a partir deste mês de novembro”, afirmou Solmucci.

Mais dinheiro em circulação e potencial de consumo ampliado

A injeção de recursos esperada para 2025 deverá ser superior aos R$ 321,4 bilhões conforme projeção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no ano passado, beneficiando um número maior de trabalhadores formais e domésticos. O aumento decorre da expansão do emprego com carteira assinada e do reajuste do salário mínimo, que passou para R$ 1.518,00 neste ano.

Com isso, o valor médio do benefício cresce e amplia o potencial de consumo das famílias, especialmente entre as classes de menor renda. O fenômeno é explicado pela propensão marginal a consumir, teoria econômica segundo a qual pessoas com rendas mais baixas tendem a gastar uma parcela maior de seus rendimentos, sobretudo em períodos de bonificação.

“Quando há mais dinheiro circulando entre as camadas populares, o impacto no setor de alimentação é imediato. São famílias que voltam a frequentar restaurantes de bairro, bares de esquina e praças de alimentação. Esse comportamento aquece o comércio e ajuda a manter empregos”, explica Solmucci.

Fim de ano deve compensar retração observada em setembro

Apesar do recuo nas vendas observado em setembro, causado por fatores como a inflação persistente e o aumento dos custos operacionais, o setor mantém boas perspectivas para o último bimestre. Segundo a Abrasel, o ritmo de retomada deve se intensificar à medida que empresas e consumidores planejam confraternizações e eventos de encerramento do ano.

O pagamento do 13º salário é apontado como o principal fator de estímulo para esse movimento. Em muitos estabelecimentos, já há aumento na reserva de mesas e pacotes corporativos, especialmente em capitais turísticas e cidades de médio porte. O aquecimento também é perceptível em segmentos complementares, como fornecedores de bebidas, buffets e serviços de delivery.

Setor se prepara para contratar e enfrentar falta de mão de obra

A expectativa de maior movimento tem levado empresários a reforçarem suas equipes. Segundo Paulo Solmucci, cerca de um terço das empresas pretende ampliar o quadro de funcionários até dezembro, priorizando cargos operacionais como auxiliares de cozinha, garçons e atendentes.

A contratação, porém, enfrenta desafios, como a escassez de profissionais qualificados e a dificuldade de atrair interessados para o trabalho em tempo integral ou noturno.

“O desemprego em níveis historicamente baixos significa mais poder de compra e, por consequência, mais movimento. Isso traz um desafio a mais na contratação de profissionais, principalmente os mais qualificados. Mas é melhor ter essa dificuldade do que ver faltarem clientes”, avalia o presidente da Abrasel.

Segmento ainda lida com impactos acumulados da pandemia

Embora o setor comemore a perspectiva de crescimento, empresários alertam para custos fixos elevados e a necessidade de políticas públicas de estímulo. O segmento ainda lida com impactos acumulados da pandemia, da alta tributária e da complexidade trabalhista, que reduzem margens de lucro e dificultam a formalização.

Mesmo assim, a retomada gradual do consumo e o ambiente econômico mais favorável reforçam o otimismo. Para a Abrasel, o período do fim de ano segue como o mais importante para o setor, com a expectativa de que o pagamento do 13º salário e o aquecimento das confraternizações resultem em um fechamento positivo de 2025 para bares e restaurantes.