O Conclave é a assembleia dos cardeais eleitores da Igreja Católica que tem como objetivo eleger um novo papa. Essa reunião histórica ocorre após a morte ou renúncia do pontífice e é marcada por rituais rígidos, silêncio absoluto e muita tradição. A escolha do novo líder da Igreja deve acontecer entre 15 e 20 dias após a morte do papa, a fim de garantir a presença de todos os cardeais com direito a voto. O Vaticano anunciou, na manhã desta segunda-feira (28), que o Conclave será iniciado no próximo dia 7 de maio.

Durante o processo, somente os cardeais com menos de 80 anos até a data da morte do papa podem votar — e também podem ser votados, desde que não votem em si mesmos. Para que um candidato seja eleito, é necessário o apoio de dois terços dos votantes.

Solenidade marca início do processo

O primeiro dia do Conclave começa com a missa “Pro Eligendo Papa”, realizada na Basílica de São Pedro, em Roma. Após a cerimônia, os cardeais seguem para a Casa Santa Marta e, em seguida, podem se dirigir à Capela Sistina, onde ocorrem as votações.

Antes do início da eleição, o mestre das celebrações litúrgicas pronuncia “extra omnes”, expressão em latim que significa “todos fora”, pedindo que apenas os cardeais eleitores permaneçam na capela. É neste momento que se inicia oficialmente o sigilo que rege o Conclave.

Como e quando será próxima eleição papal?

Com o falecimento do Papa Francisco em 21 de abril e seu sepultamento realizado no último sábado (26), o Vaticano iniciou os preparativos para o próximo Conclave. Segundo as regras vigentes, a votação deve começar entre os dias 6 e 11 de maio, embora esse prazo possa ser flexibilizado. Uma norma criada por Bento XVI em 2013 permite antecipar a eleição, caso todos os cardeais estejam presentes em Roma, ou adiá-la por motivos graves.

Atualmente, o Colégio dos Cardeais é composto por 252 membros, dos quais 135 têm menos de 80 anos e, portanto, direito a voto. Entre eles, estão sete brasileiros, incluindo o arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Sérgio da Rocha, apontado como um dos possíveis sucessores de Francisco.

Perfil dos cardeais e influência de Francisco

O Papa Francisco nomeou 108 dos 135 cardeais eleitores — cerca de 80%. Essa maioria pode favorecer a continuidade de sua visão pastoral, voltada para uma Igreja mais inclusiva, descentralizada e próxima das periferias. Desde sua eleição em 2013, Francisco destacou nomes de regiões onde os católicos são minoria, rompendo com a tradição de valorizar apenas grandes arquidioceses europeias.

No último consistório, em dezembro de 2024, o pontífice nomeou 21 novos cardeais de todos os continentes. Entre eles, Dom Jaime Spengler (Porto Alegre), Dom Carlos Castillo (Peru), Dom Luis Cabrera (Equador), Dom Fernando Chomalí (Chile) e Dom Vicente Bokalic (Argentina).

Votação secreta e fumaça branca

As votações são realizadas na Capela Sistina. Os cardeais permanecem isolados do mundo exterior durante todo o processo. Cada dia pode contar com até quatro votações — duas pela manhã e duas à tarde. Se não houver consenso após o terceiro dia, os cardeais fazem uma pausa de 24 horas para reflexão e oração.

Em casos extremos, o processo pode ser prolongado. Se após 34 votações nenhum nome alcançar os dois terços exigidos, os dois mais votados disputarão uma rodada final, ainda exigindo a mesma proporção de votos.

A fumaça que sai da chaminé da Capela Sistina é o principal sinal ao público: preta indica que não houve escolha; branca, acompanhada pelos sinos da Basílica de São Pedro, anuncia que um novo Papa foi eleito.

Quem são os brasileiros com direito a voto?

Sete brasileiros participam do Conclave de 2025:

• Dom Odilo Pedro Scherer (São Paulo)
• Dom João Braz de Aviz (emérito de Brasília)
• Dom Orani João Tempesta (Rio de Janeiro)
• Dom Paulo Cezar Costa (Brasília)
• Dom Leonardo Steiner (Manaus)
• Dom Jaime Spengler (Porto Alegre)
• Dom Sérgio da Rocha (Salvador)

O Brasil é o terceiro país com mais eleitores, atrás apenas da Itália (17) e dos Estados Unidos (10). O cardeal Raymundo Damasceno Assis, por ter 88 anos, não poderá votar, embora possa ser escolhido.

Expectativa mundial e cobertura midiática

A expectativa em torno da eleição do novo papa é grande. A Santa Sé prorrogou até 31 de maio as credenciais de imprensa para jornalistas credenciados no Vaticano. O calendário oficial prevê que o período de funeral e Conclave se estenda de 21 de abril a 11 de maio, mas essas datas têm caráter organizacional e não indicam, necessariamente, quando a escolha será concluída.

O mundo agora aguarda a fumaça branca que sairá da Capela Sistina e revelará o nome do novo sucessor de São Pedro, que terá a missão de guiar os mais de 1,3 bilhão de católicos no século XXI.