O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou, nesta sexta-feira (16), que o governo americano apresentou uma proposta ao Irã relacionada ao seu programa nuclear, que avança em ritmo acelerado. A declaração foi feita durante uma coletiva a bordo do Air Force One, ao final de uma viagem oficial aos Emirados Árabes Unidos, parte de um giro pelo Oriente Médio.

“Eles têm uma proposta, mas o mais importante é que sabem que precisam agir rapidamente, ou algo ruim vai acontecer”, afirmou Trump.

Construção de entendimento contou com vários nomes dos governos

Essa foi a primeira vez que Trump reconheceu publicamente a existência de uma proposta oficial enviada pelos Estados Unidos a Teerã. As negociações, conduzidas nos bastidores, envolveram o enviado especial americano para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi. Segundo fontes diplomáticas, os diálogos alcançaram o chamado “nível técnico”, quando as equipes de especialistas tentam construir um entendimento detalhado sobre os termos de um possível acordo.

Apesar da declaração de Trump, o governo iraniano ainda não confirmou ter recebido oficialmente a proposta. Araghchi disse à imprensa, na quinta-feira (15), durante evento na Feira Internacional do Livro de Teerã, que não havia recebido nenhum documento formal dos americanos. O chanceler ainda criticou a postura dos EUA, classificando os sinais vindos de Washington como “confusos e contraditórios”.

“Não sabemos se estamos lidando com desorganização interna ou com uma estratégia de negociação deliberada”, disse Araghchi, em tom crítico.

Trump diz que acordo está próximo e propõe ‘duas etapas’ para a paz

Em outra fala pública, desta vez em Doha, no Qatar, Trump reforçou que as negociações estão avançadas e que um acordo pode ser fechado em breve. Ele declarou que o Irã já teria concordado “mais ou menos” com os principais pontos propostos.

“Estamos em negociações muito sérias com o Irã para uma paz de longo prazo. Há duas formas de fazer isso: uma muito agradável e outra violenta. Mas não queremos seguir pela segunda opção”, disse Trump.

As conversas entre representantes dos dois países têm ocorrido com frequência em Omã, país que historicamente atua como mediador entre Washington e Teerã. A rodada mais recente aconteceu no último domingo (11), ocasião em que os Estados Unidos formalizaram uma proposta ao governo iraniano.

Segundo uma fonte iraniana envolvida nas discussões, ainda restam divergências importantes que precisam ser superadas antes da assinatura do acordo. Até o momento, não há previsão oficial para o desfecho das negociações.

Mercado reage e petróleo registra queda com expectativa de acordo

As declarações de Trump e as perspectivas de um possível acordo entre os dois países repercutiram imediatamente no mercado internacional. O preço do petróleo caiu cerca de US$ 2 por barril nesta quinta-feira (15), reflexo da expectativa de que um eventual relaxamento das sanções econômicas contra o Irã possa aumentar a oferta global da commodity.

Histórico de tensão e possível retomada do diálogo

Desde que chegou ao poder em 2017, Donald Trump adotou uma linha dura em relação ao programa nuclear iraniano. Em 2018, ele anunciou a retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear firmado em 2015 — o chamado Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA) — e impôs sanções severas ao Irã, atingindo setores estratégicos da economia do país.

O Irã, por sua vez, passou a descumprir gradualmente os limites do acordo, incluindo o enriquecimento de urânio a 60%, nível considerado próximo do necessário para uso militar, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), vinculada à ONU. O governo iraniano, no entanto, insiste que seu programa nuclear tem fins exclusivamente pacíficos.

Caso as negociações atuais tenham sucesso, os dois países podem retomar um canal de diálogo interrompido há anos, com impactos diretos na segurança regional e na economia global.