O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, neste último domingo (4), a imposição imediata de uma tarifa de 100% sobre filmes produzidos fora do território norte-americano. A medida foi comunicada por meio da sua rede social Truth Social, plataforma utilizada pelo republicano para divulgar decisões e posicionamentos políticos. A decisão afeta diretamente tanto produções estrangeiras quanto filmes realizados por estúdios americanos em outros países. Segundo o comunicado, a medida tem como objetivo conter o que Trump classifica como uma “ameaça à segurança nacional”, provocada pelos incentivos oferecidos por outros países para atrair cineastas norte-americanos.

O presidente argumenta que a indústria cinematográfica dos Estados Unidos, historicamente concentrada em Hollywood, está em processo de decadência, pressionada por políticas externas que facilitam a migração de produções para fora do país. Para ele, essa movimentação representa mais do que uma perda econômica — seria parte de um esforço internacional coordenado para enfraquecer a produção cultural americana.

Justificativas apontam impacto econômico e ideológico

No comunicado divulgado à imprensa e reforçado nas redes sociais, Trump afirmou que a concessão de subsídios por outros países para atrair estúdios e cineastas norte-americanos compromete não apenas a economia do setor, mas também os valores simbólicos da indústria cultural dos Estados Unidos. Ele citou Hollywood como “devastada” pela perda de competitividade e criticou o que chamou de “mensagem e propaganda” embutidas em algumas produções realizadas fora do território americano.

A nova tarifa busca estimular que grandes produções cinematográficas sejam novamente realizadas em solo norte-americano, revertendo uma tendência crescente de filmagens realizadas em países como Canadá, Reino Unido, Austrália, entre outros, que oferecem incentivos fiscais generosos e menor custo de produção.

De acordo com Trump, o Departamento de Comércio e o Representante de Comércio dos Estados Unidos já iniciaram a implementação da tarifa, o que significa que as novas regras devem ser aplicadas de imediato às importações de filmes estrangeiros. O impacto pode ser significativo tanto para grandes estúdios quanto para distribuidoras e plataformas de streaming que investem em conteúdos internacionais.

Repercussão e possíveis efeitos no mercado audiovisual

A decisão tende a impactar o catálogo das plataformas de streaming, que vêm apostando fortemente na internacionalização de suas produções para atender a audiências cada vez mais diversificadas. Com a tarifa, filmes rodados fora dos EUA podem enfrentar custos de distribuição mais altos no mercado americano, o que pode desincentivar sua veiculação.

A medida também pode representar um entrave para produções independentes que dependem de parcerias internacionais ou financiamento externo. Com a nova regra, cineastas que atuam em coproduções com outros países poderão enfrentar dificuldades para exibir seus filmes nos Estados Unidos, especialmente em festivais ou em circuitos comerciais.

O governo norte-americano ainda não detalhou como será feita a cobrança da tarifa nem se haverá exceções para determinados tipos de produção ou acordos bilaterais. O setor audiovisual agora aguarda maiores esclarecimentos para entender o real alcance da medida e seus efeitos nos próximos meses.

Modelo de negociação acelerada prevê tarifações caso acordos não avancem até julho

O novo plano comercial dos Estados Unidos, liderado pelo Escritório do Representante de Comércio (USTR), estabelece um cronograma de negociações bilaterais com 18 países em ciclos semanais e estruturados, com foco em temas estratégicos como tarifas, comércio digital e segurança econômica. O modelo foi desenhado para agilizar tratativas e firmar compromissos antes de 8 de julho, prazo após o qual Donald Trump poderá aplicar tarifas retaliatórias aos países que não fecharem acordo. A iniciativa amplia a pressão sobre parceiros comerciais e marca uma guinada no protecionismo norte-americano em ano eleitoral.