O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elevou o tom contra o presidente da Rússia, Vladimir Putin, neste sábado (26), após novos ataques russos a zonas civis na Ucrânia. Em publicação na Truth Social, Trump afirmou que “talvez Putin não queira acabar com a guerra” e sugeriu que o líder russo “deva ser tratado de outra maneira”. A crítica ocorreu após um encontro de Trump com o presidente ucraniano Volodimir Zelenski, em Roma.

O republicano indicou ainda a possibilidade de atacar o sistema bancário russo e ampliar as já significativas sanções econômicas contra Moscou, como forma de pressionar o Kremlin a aceitar um acordo de paz.

Enquanto isso, Moscou informou que Putin, em reunião com o enviado especial de Trump, Steve Witkoff, na sexta-feira (25), declarou estar disposto a negociar uma solução para o conflito “sem pré-condições”. No entanto, novos episódios de violência alimentaram o ceticismo quanto à real disposição do Kremlin em pôr fim à guerra.

Rússia ataca a Ucrânia com drones após conversa sobre cessar-fogo

Horas após o contato entre Trump e Putin sobre a possibilidade de um cessar-fogo, a Rússia lançou uma série de ataques com drones contra cidades ucranianas na madrugada desta quarta-feira (19). Entre os alvos atingidos estão infraestrutura civil e um hospital em Sumy, aumentando a tensão no conflito.

Segundo autoridades ucranianas, drones russos bombardearam instalações civis em Kiev, Zhytomyr, Sumy, Chernihiv, Poltava, Kharkiv, Kirovohrad, Dnipropetrovsk e Cherkasy. Sirenes de ataque aéreo soaram em Kiev pouco depois da conversa entre os líderes, seguidas por explosões em várias regiões do país.

O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que suas forças de defesa aérea interceptaram 57 drones ucranianos sobre o Mar de Azov e em diversas áreas russas. Um dos incidentes mais graves ocorreu na região de Krasnodar, próxima à Crimeia, onde um ataque com drones provocou um incêndio em um depósito de petróleo.

Zelenski pede pressão internacional e aguarda diálogo com Trump

Diante da sequência de ataques, o presidente ucraniano Volodimir Zelenski declarou que os bombardeios demonstram a falta de intenção real do Kremlin em encerrar o conflito. Em entrevista coletiva em Helsinque, ao lado do presidente da Finlândia, Alexander Stubb, Zelenski afirmou que entrará em contato com Trump para buscar esclarecimentos sobre a recente conversa com Putin.

“Isso confirma que devemos continuar pressionando a Rússia em prol da paz. Somente uma interrupção real dos ataques à infraestrutura civil pode sinalizar um desejo genuíno de acabar com essa guerra”, disse Zelenski.

O líder ucraniano também criticou a promessa russa de cessar os ataques à infraestrutura energética da Ucrânia, destacando que os episódios mais recentes contradizem a sinalização de trégua.

Estados Unidos avaliam endurecer sanções contra Moscou

Em paralelo, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou que Washington avalia novas sanções para aumentar a pressão sobre o governo russo. Em entrevista à Fox Business, Bessent revelou que Trump solicitou uma revisão do atual regime de sanções, considerando a possibilidade de medidas adicionais contra a Rússia e o Irã.

Segundo o secretário, o objetivo é adotar um modelo de “pressão máxima” para forçar negociações efetivas. Bessent também mencionou que alguns países considerados “piores parceiros comerciais” pelos EUA estão buscando acordos com Washington para evitar retaliações econômicas, especialmente diante da implementação das tarifas recíprocas programadas para 2 de abril.

Apesar das tentativas diplomáticas, a continuidade dos bombardeios e a ausência de concessões concretas do Kremlin indicam que o fim do conflito entre Rússia e Ucrânia ainda parece distante. O cenário de guerra permanece instável, com as partes mantendo posições divergentes e a comunidade internacional aumentando a pressão por uma solução pacífica.