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Saiba quem é a piloto brasileira que morreu nos EUA

Autoridades dos Estados Unidos lamentaram a morte da brasileira e a chamaram de "heroína"

A piloto de avião brasileira Juliana Turchetti, de 45 anos, que atuava no combate a incêndios florestais, morreu em um acidente aéreo, na quarta-feira (10), no Estado de Montana (EUA).

Juliana Turchetti sofreu um acidente por volta do meio-dia no horário local (15 horas no Brasil), enquanto realizava uma manobra de “scooping” com a aeronave FireBoss. Durante essa operação, o piloto pousa a aeronave em um lago ou represa para capturar água, que é então armazenada no reservatório do avião antes de decolar novamente.

De acordo com testemunhas, três aeronaves AT-802 atuavam na região, captando água no Hauser Lake, localizado a cerca de 8 km a noroeste da represa no Rio Missouri. O combate aos incêndios estava concentrado na área conhecida como Horse Gulch, nas proximidades da represa.

O xerife de Lewis e Clark, Leo Dutton, informou à imprensa que, no momento do acidente, Juliana estava em segundo lugar no circuito de pouso, captura de água e decolagem. Durante a manobra de “scooping”, o avião aparentemente colidiu com um objeto, o que resultou na destruição da aeronave e seu afundamento na água. O Conselho Nacional de Segurança no Transporte dos EUA (NTSB) está conduzindo uma investigação para determinar as causas do acidente e verificar se houve mesmo colisão com um objeto, um banco de areia ou uma onda.

Trajetória

“Alguns nos chamam de heróis. Bem, esse é um título pesado para carregar. Gosto de dizer que somos pessoas comuns fazendo algo extraordinário”, publicou em sua última postagem no Facebook, em 4 de maio, rebatendo o título de heroína dado por familiares, colegas e pelas autoridades dos Estados Unidos.

A mãe da piloto, Maria das Graças dos Santos, disse ao Estadão que a filha “nunca mediu esforços para conquistar o que quis de maneira digna”. Também afirmou que a missão da família agora é honrar sua memória, “cuidar do filho dela que, inclusive, carrega muito da garra que a Juliana tinha”.

“Estamos passando por essa enorme dor, mas entendemos que ela realizou esse sonho que carregava de ser piloto de combate a incêndio. Partiu de forma honrosa, e para nós é motivo de muito orgulho. Para mim, como mãe, é um orgulho ainda maior”, afirmou.

Para fazer história como piloto brasileira de avião de combate a incêndio, Juliana não teve caminho fácil. Enfrentou preconceito, o que, segundo sua família, não a desanimava. “Conversávamos muito. Isso nunca foi para ela um empecilho, nunca se vitimizou. Era uma pessoa positiva, prática, de muita atitude, que se cuidava e estava sempre bonita e arrumada”, diz a irmã Ulli.

Com 6,5 mil horas de voo no currículo, Juliana morava nos Estados Unidos há cinco anos e integrava a equipe de combate a incêndios na Floresta Nacional de Helena, no Estado de Montana. Ela foi a primeira brasileira nos Estados Unidos a pilotar um turboélice, um tipo de motor a jato que utiliza hélice para propulsão. A mineira entrou para a aviação em 2007, foi instrutora de voo e depois copiloto e piloto em aviões Boeing 727 e 737, até entrar, em 2013, para aviação agrícola.

Na próxima semana, familiares irão aos Estados Unidos para decidir detalhes do sepultamento, que, segundo Ulli, ainda não se sabe se ocorrerá no país em que ela residia ou no Brasil.
acidente

O corpo de Juliana foi encontrado por equipes voluntárias de busca e resgate dos condados de Lewis and Clark e Gallatin por volta das 17 horas locais (20 horas no Brasil). As autoridades mantiveram a identidade da vítima em sigilo até que seus familiares no Brasil fossem notificados. Antes disso, a imprensa havia se referido a uma piloto de 45 anos cujos parentes eram de outro país.

Reprodução/Instagram