O papa Leão XIV celebrou, na manhã desta sexta-feira (9), sua primeira missa como novo pontífice da Igreja Católica, encerrando oficialmente o conclave que o elegeu. A cerimônia ocorreu na Capela Sistina, às 11h no horário de Roma (6h em Brasília), com a presença apenas dos cardeais eleitores e demais autoridades do Vaticano.

Durante a homilia, o papa reafirmou a vocação missionária da Igreja e destacou a urgência da evangelização nos centros de poder global. Além disso, retomou temas centrais do pontificado de seu antecessor, Francisco, como as chamadas “periferias existenciais”.

Papa critica culto ao sucesso e defende missão da fé

Leão XIV iniciou sua homilia em inglês, de forma descontraída, dirigindo-se diretamente aos cardeais. Em seguida, alternando para o italiano, afirmou que muitos ambientes contemporâneos, marcados pelo avanço da tecnologia, do consumo e da busca incessante por poder, são hostis à fé cristã.

Nesses contextos, segundo ele, “a missão é urgente”, pois a ausência de fé estaria relacionada a profundas crises humanas, como “a perda do sentido da vida, o esquecimento da misericórdia, a violação da dignidade da pessoa e a desintegração familiar”. Para Leão XIV, a Igreja precisa levar sua mensagem exatamente a esses lugares, mesmo quando ela é rejeitada ou ridicularizada.

O novo papa retomou a visão de Francisco sobre a necessidade de uma Igreja em saída e enfatizou que o aprendizado missionário nas periferias, especialmente na América Latina, precisa alcançar agora os centros secularizados do planeta, como Europa, Estados Unidos e China. “A experiência da Igreja latino-americana é um bem precioso que deve iluminar os caminhos da evangelização global”, destacou.

Celebração reúne cardeais e resgata protagonismo papal no altar

Antes do início da missa, o clima entre os cardeais era de confraternização. Sorrisos e abraços marcaram o reencontro dos eleitores que passaram dias reunidos para escolher o novo pontífice. A celebração contou com a participação do tradicional coro da Capela Sistina, além de padres, religiosos e funcionários da Cúria Romana.

Diferente dos últimos anos do papado de Francisco, visivelmente debilitado, Leão XIV presidiu toda a liturgia, do início ao fim. Foi usada a liturgia “Pro Ecclesia”, que pede pela unidade e missão da Igreja. No Evangelho, foi lida a passagem em que Cristo confia a Pedro a fundação da Igreja, destacando a continuidade simbólica entre Pedro e seus sucessores.

Durante a comunhão, o coral entoou obras clássicas, como Sicut Cervus, de Giovanni Pierluigi da Palestrina, homenageado neste ano pelos 500 anos de seu nascimento. Ao final da celebração, Leão XIV foi calorosamente aplaudido pelos cardeais presentes.

Primeiros compromissos públicos reforçam estilo pastoral do novo pontífice

A agenda do novo papa para os próximos dias já está definida. Leão XIV fará, no domingo (11), sua primeira oração dominical pública, o “Regina Caeli”, da janela do Palácio Apostólico, às 7h no horário de Brasília. A oração substitui o Angelus durante o período pascal e é tradicionalmente recitada aos domingos pelos papas.

Já na segunda-feira (12), às 5h (horário de Brasília), ele terá sua primeira audiência com jornalistas credenciados, seguindo os passos de Francisco, que também priorizou o contato com a imprensa logo após sua eleição, em 2013.

Pontífice americano com raízes latino-americanas

Robert Prevost nasceu nos Estados Unidos, mas atuou por mais de 20 anos no Peru, país do qual também possui cidadania. A vivência missionária na América Latina moldou seu perfil pastoral e o aproximou de Francisco, que o nomeou, em 2023, prefeito do Dicastério para os Bispos — órgão responsável pela escolha de novos líderes eclesiais em todo o mundo.

Entre as curiosidades do novo papa, destacam-se o fato de que, além de ser formado em direito canônico, Leão XIV também é matemático e fala fluentemente cinco idiomas, entre eles o português. Inclusive, o novo papa já veio ao Brasil em 2012 e 2013, quando visitou as cidades de Belo Horizonte (MG) e Guarulhos (SP).