O papa Leão XIV usou sua primeira oração dominical para pedir paz na Ucrânia e um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza. Da sacada da Basílica de São Pedro, no Vaticano, diante de milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro, neste domingo (11), o novo papa evocou memórias da Segunda Guerra Mundial e alertou para os riscos de um cenário global cada vez mais fraturado por confrontos armados.

Ainda durante sua primeira missa dominical como o novo líder da Igreja Católica, Leão XIV trouxe palavras de seu antecessor, o papa Francisco, ao comparar a situação dos conflitos internacionais com uma terceira guerra mundial. “No cenário dramático de uma Terceira Guerra Mundial fragmentada, como várias vezes afirmou o Papa Francisco, eu também gostaria de me dirigir às autoridades do mundo, repetindo um apelo sempre atual: guerra nunca mais”, afirmou.

Apelo pela paz na Ucrânia e em Gaza

Durante a oração Regina Caeli, tradicionalmente substitutiva do Angelus no tempo pascal, o pontífice demonstrou preocupação com o sofrimento do povo ucraniano. Pediu negociações urgentes que conduzam a uma paz “autêntica, justa e duradoura”, além da libertação de todos os prisioneiros e o retorno das crianças deportadas.

Ao se referir à situação em Gaza, Leão XIV mencionou um ataque israelense ocorrido ainda neste domingo, que resultou na morte de dez pessoas, entre elas quatro crianças, na cidade de Khan Yunis. O papa também lembrou dos israelenses ainda mantidos pelo grupo Hamas.

“Estou profundamente triste com o que acontece na Faixa de Gaza. Que haja cessar-fogo imediato, que seja oferecida ajuda humanitária à sofrida população civil e que sejam libertados todos os reféns”, disse.

Conflitos na Ásia

Ainda no discurso, que durou 12 minutos, o Papa continuou comentando sobre os conflitos que vêm ocorrendo no mundo e citou a situação envolvendo a Índia e o Paquistão, comentando positivamente a recente trégua na região da Caxemira, dizendo ainda que espera que um acordo seja firmado para que o conflito seja encerrado de forma pacífica.

“Quantos outros conflitos existem no mundo? Confio à Rainha da Paz esse meu apelo, para que ela o apresente ao Senhor Jesus para obter o milagre da paz”, rezou o líder religioso.

Ao longo dos 12 minutos de seu discurso, Leão XIV repetiu a palavra “paz” dez vezes, ressaltando o papel do Vaticano como ator diplomático em busca dessa paz.

Homenagens às mães e tradição apostólica

Em meio aos apelos geopolíticos, o papa também dedicou parte de sua fala ao Dia das Mães, celebrado neste domingo em diversos países.

“Mando uma querida saudação a todas as mães, por elas e por aquelas que já estão no céu: feliz Dia das Mães a todas as mães”, declarou, gerando comoção entre os presentes.

Mais cedo, Leão celebrou uma missa privada nas grutas da Basílica de São Pedro, ao lado do superior de sua ordem agostiniana, o reverendo Alejandro Moral Anton. O local é reconhecido como o tradicional túmulo do apóstolo Pedro, considerado o primeiro papa da história da Igreja.

Agenda de compromissos

Desde sua eleição, na quinta-feira (9), Leão XIV tem mantido uma agenda discreta, mas carregada de simbolismo. Na sexta (10), celebrou sua primeira missa na Capela Sistina para os cardeais eleitores, e no sábado visitou um santuário nos arredores de Roma, encerrando o dia em oração diante do túmulo de seu antecessor, o Papa Francisco, na Basílica de Santa Maria Maggiore.

Durante esses primeiros dias de pontificado, Leão afirmou esperar “trazer luz às noites escuras deste mundo”, sinalizando o desejo de liderar a Igreja com foco em valores cristãos universais como solidariedade, empatia e diálogo.