O papa Leão XIV celebrou, neste domingo (18), sua missa de entronização na Praça de São Pedro, no Vaticano, com a presença de cerca de 150 mil pessoas, entre fiéis, representantes de governo, chefes de Estado e membros da realeza europeia. A celebração marcou oficialmente o início de seu pontificado, que sucede o do papa Francisco, falecido em abril deste ano.

Durante o evento, Leão XIV percorreu a praça em um papamóvel de teto aberto, cercado por seguranças, acenando e sorrindo. O veículo parou duas vezes para que o pontífice pudesse abençoar três bebês. O bispo de Roma abriu a cerimônia com gestos simbólicos, lançando incenso e aspergindo água benta no palco da celebração.

A missa foi realizada em diversos idiomas, incluindo latim, italiano, português, francês, árabe e chinês, refletindo a diversidade da Igreja Católica, que reúne 1,4 bilhão de fiéis no mundo. Durante o rito litúrgico, Leão XIV recebeu o Pálio de lã — símbolo de sua missão como pastor — e o Anel do Pescador, utilizado para selar documentos papais.

Papa enfatiza unidade e critica sistema que marginaliza os pobres

Na homilia, o papa Leão XIV destacou que seu objetivo é promover unidade dentro da Igreja e fazer dela um instrumento de reconciliação para o mundo. Ele também se posicionou contra estruturas que geram desigualdade social.

“Quero uma Igreja unida, que seja fermento para um mundo reconciliado. Ainda vemos demasiado dano e discórdia causadas pelo ódio por um paradigma humano que explora os recursos da terra e marginaliza os pobres”, afirmou o pontífice, defendendo que a fé cristã seja uma referência de esperança e acolhimento.

Leão XIV também fez um apelo por fraternidade entre os povos, mesmo onde o catolicismo não é a fé predominante, num gesto que busca aproximar a Igreja de contextos multiculturais e politicamente polarizados. O discurso se alinha à doutrina do papa Francisco, marcada pelo compromisso com justiça social e ambiental.

Presenças de líderes mundiais e gesto litúrgico marcam cerimônia

A missa contou com a presença de diversas autoridades internacionais, incluindo o vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, o vice-presidente dos EUA, JD Vance, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Entre os líderes europeus, estavam o chanceler alemão Friedrich Merz, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e os reis da Espanha, Felipe e Letizia.

Antes da cerimônia, Leão XIV foi até a tumba de São Pedro, considerado o primeiro papa da história, onde fez orações junto às relíquias. Em seguida, dirigiu-se ao altar principal da praça.

Uma mudança relevante no rito foi a entrega dos símbolos papais diante do altar, atendendo a um pedido pessoal de Leão XIV. O pontífice também dispensou o uso do tradicional trono colocado atrás do altar, em mais um gesto de simplicidade litúrgica.

Perfil de Leão XIV reforça vínculos com América Latina

Leão XIV é o nome adotado por Robert Francis Prevost, natural de Chicago, nos Estados Unidos, e o primeiro papa norte-americano da história. Aos 69 anos, o novo pontífice é membro da Ordem dos Agostinianos e passou parte significativa de sua vida como missionário no Peru, país do qual também possui cidadania.

De acordo com o jornal “La República”, de Lima, Prevost trabalhou com comunidades carentes e foi nomeado bispo de Chiclayo em 2015, ano em que obteve a nacionalidade peruana. Sua atuação no país reforça os laços entre o Vaticano e a América do Sul, região onde o catolicismo tem ampla presença.

Compromisso com a paz é reiterado desde sua eleição

Desde sua eleição em 8 de maio, Leão XIV tem reafirmado o compromisso da Igreja com a promoção da paz. Suas primeiras palavras ao público na Praça de São Pedro foram: “A paz esteja com todos vocês”. Em discurso recente às Igrejas Católicas Orientais, o papa disse que fará “todo esforço possível” para evitar guerras, oferecendo o Vaticano como mediador internacional.

A cerimônia de domingo foi o maior evento no Vaticano desde o funeral do papa Francisco, em abril, e confirmou as diretrizes iniciais do novo pontífice, centradas em unidade, justiça social, diálogo inter-religioso e um papel ativo da Igreja nas questões globais.