Lula e Xi Jinping cobram diálogo entre Rússia e Ucrânia, mas proposta ignora apelo por cessar-fogo

Documento conjunto cita ONU, evita falar em cessar-fogo e foi articulado após pedidos de apoio dos dois presidentes em guerra


Redação
Estadão Conteúdo e Redação 13/05/2025 15:29 • Internacional
Lula e Xi Jinping cobram diálogo entre Rússia e Ucrânia, mas proposta ignora apelo por cessar-fogo - Ricardo Stuckert / PR

A dois dias da reunião de paz, marcada para esta quinta-feira (15), na Turquia, Brasil e China divulgaram uma declaração conjunta, nesta terça-feira (13), na qual expressam apoio à abertura de um diálogo direto entre Rússia e Ucrânia. O documento, articulado por iniciativa dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Xi Jinping, defende que esse seja o único caminho viável para uma solução duradoura e justa para a guerra que já ultrapassa três anos.

“A única forma de pôr fim ao conflito é por meio do diálogo direto entre as partes”, afirma o texto, destacando que as tratativas devem ter início o quanto antes.

A declaração se baseia em um plano divulgado por Brasil e China ainda em maio de 2024, com seis princípios para guiar as negociações. Apesar de ter sido bem recebida por Moscou, a proposta foi rejeitada por Kiev, o que não impediu a retomada do diálogo diplomático entre os países.

Declaração não menciona trégua nem cessar-fogo

Embora o documento reforce a necessidade de diálogo imediato, ele não menciona a suspensão temporária das hostilidades ou qualquer tipo de trégua entre os dois países. A ausência de referências a um cessar-fogo pode ser interpretada como uma tentativa de manter ambos os lados na mesa de negociação, especialmente a Rússia, que tem se mostrado resistente a condições prévias.

Nos bastidores, diplomatas afirmam que a redação final do documento foi resultado de um equilíbrio delicado. A China exigiu que o texto não contivesse críticas indiretas à invasão russa, enquanto o Brasil insistiu na inclusão de termos que expressassem apoio à “ordem internacional baseada na Carta da ONU”.

Por isso, a frase que aparece no documento é: “O Brasil e a China apoiam uma solução política da crise e da segurança europeia baseada na garantia da segurança mútua, por meio do diálogo e da negociação”.

Putin e Zelenski procuraram apoio dos dois países

A publicação da declaração ocorre após pedidos formais de apoio encaminhados por interlocutores tanto do presidente ucraniano Volodmir Zelenski quanto do russo Vladimir Putin. Ambos desejam que os dois líderes atuem como mediadores na retomada das conversas, embora com motivações distintas.

No último sábado (10), Putin rejeitou uma proposta de trégua de 30 dias intermediada pelos Estados Unidos, já aceita por Zelenski, e anunciou que está disposto a negociar “sem pré-condições”. Isso significa que a Rússia pretende manter suas ofensivas militares durante as tratativas.

Já a Ucrânia busca apoio de países do Sul Global, como Brasil e China, para tentar uma mediação que pressione Moscou a interromper a ofensiva e reconhecer a soberania dos territórios ucranianos.

Em seu discurso na Assembleia Geral da ONU em setembro de 2024, Zelenski criticou duramente o plano sino-brasileiro. “Este tipo de proposta ignora o sofrimento da Ucrânia, ignora a realidade e dá a Vladimir Putin o espaço político para continuar com a guerra”, declarou o presidente ucraniano na ocasião.

Lula e Xi Jinping reafirmam princípios da ONU

Apesar das divergências, a nova declaração reafirma o compromisso de Brasil e China com os princípios da Carta das Nações Unidas, como a soberania dos Estados, a não intervenção em assuntos internos e a resolução pacífica de conflitos.

Segundo o documento, “os dois presidentes consideram necessário encontrar uma solução política para a crise na Ucrânia em suas raízes com vistas a um acordo de paz duradouro e justo, que seja vinculante para todas as partes no final”.

Além disso, Brasil e China reiteram que os interesses legítimos de todas as partes devem ser respeitados, e se colocam “à disposição, junto com o Sul Global, para continuar apoiando os esforços para pôr fim ao conflito”.

Grupo de Amigos da Paz e apoio do Sul Global

A declaração também menciona o Grupo de Amigos da Paz, formado durante a Assembleia Geral da ONU de 2024 e composto por países do Sul Global que se dizem comprometidos com a resolução pacífica do conflito. Segundo Xi Jinping, 110 países manifestaram apoio à proposta, embora apenas 13 tenham assinado formalmente a declaração conjunta.

O grupo busca promover um ambiente de diálogo internacional menos polarizado, fora do eixo tradicional de influência dos Estados Unidos e da União Europeia, e atua para garantir que os países em desenvolvimento tenham voz nas principais questões geopolíticas do planeta.

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