O escritor húngaro László Krasznahorkai, de 71 anos, foi anunciado, nesta quinta-feira (9), como vencedor do Prêmio Nobel de Literatura 2025. A honraria, concedida anualmente pela Academia Sueca, reconhece o conjunto da obra de um autor e vem acompanhada de um prêmio em dinheiro de 11 milhões de coroas suecas, equivalente a aproximadamente R$ 6 milhões. A Academia justificou a escolha destacando a obra de Krasznahorkai como “convincente e visionária, que em meio ao terror apocalíptico reafirma o poder da arte”.

Anúncio foi feito na Alemanha

O anúncio foi feito durante visita do autor a Frankfurt, na Alemanha, onde ele recebeu a notícia por telefone do secretário permanente da Academia, Mats Malm. Krasznahorkai figurava entre os favoritos para o Nobel deste ano, com cota de 10/1 nas principais casas de apostas britânicas, ao lado da escritora chinesa Can Xue.

Entre os brasileiros, Milton Hatoum também apareceu como possível vencedor, com cota de 24/1. No ano anterior, a romancista sul-coreana Han Kang foi premiada, tornando-se a primeira sul-coreana e uma das mais jovens a receber o Nobel de Literatura.

Vida e trajetória literária

Nascido em Gyula, na Hungria, em 1954, Krasznahorkai estreou na literatura em 1985 com o romance Satantango, publicado no Brasil pela Companhia das Letras. A obra acompanha a chegada de um homem misterioso a um assentamento rural húngaro e é descrita como “visionária” e “monstruosa”.

Décadas após seu lançamento, Satantango conquistou o prêmio de melhor romance traduzido para o inglês em 2013 e inspirou o filme homônimo de sete horas e meia dirigido pelo cineasta húngaro Béla Tarr, parceiro de longa data do escritor. A obra de Krasznahorkai é frequentemente classificada como pós-moderna, distópica e melancólica, inserida na tradição literária da Europa Central que vai de Kafka a Thomas Bernhard, marcada pelo absurdo e pelo excesso grotesco.

Em 2015, ele recebeu o prestigiado Man Booker International Prize, reconhecido por suas “frases extraordinárias, de comprimento inacreditável, que transitam do solene ao enlouquecido, do irônico ao desolador”.

Influências e temas

Krasznahorkai deixou a Hungria em 1987, ainda sob regime soviético, para passar um ano em Berlim Ocidental com bolsa de estudos, o que ampliou sua visão literária. Inspirado por países do Leste Asiático, o escritor explorou culturas e sociedades distantes em obras como The Prisoner of Urga (1992), que acompanha a jornada de um homem pela ferrovia transiberiana da Mongólia à China, e Destruction and Sorrow beneath the Heavens (2004), que retrata uma viagem pela China em busca de compreensão social.

Outros trabalhos do autor incluem A Mountain to the North, a Lake to the South, Paths to the West, a River to the East (2003), centrado no neto do príncipe Genji, The Melancholy of Resistance (1989), War and War (1999) e Baron Wenckheim’s Homecoming (2016). Sua prosa combina densidade narrativa, complexidade estrutural e uma exploração profunda do existencialismo humano, reafirmando sua reputação como um dos mais importantes autores contemporâneos da literatura mundial.

Reconhecimento e legado

O Nobel de Literatura 2025 consolida László Krasznahorkai como uma referência da literatura da Europa Central e global, reforçando a relevância de obras que exploram o horror, a melancolia e a capacidade transformadora da arte. Ao longo de sua carreira, o autor construiu um legado literário que une tradição europeia e experiências internacionais, oferecendo narrativas densas e inovadoras que continuam a influenciar escritores e leitores em todo o mundo.

Outras laureados da semana

Nobel de Medicina 2025

O Prêmio Nobel de Medicina de 2025 foi concedido a Mary Brunkow e Fred Ramsdell, dos Estados Unidos, e ao japonês Shimon Sakaguchi. As pesquisas do trio esclareceram o papel das células T reguladoras na tolerância imunológica periférica, mecanismo que impede o sistema imunológico de atacar o próprio corpo. Suas descobertas abriram caminho para novas abordagens no tratamento do câncer, doenças autoimunes e transplantes de órgãos, permitindo reduzir rejeições e equilibrar respostas imunes. Os laureados dividirão o prêmio de 11 milhões de coroas suecas, além de receberem medalha e diploma do Nobel.

Nobel de Física 2025

John Clarke, Michel Devoret e John Martinis, pesquisadores dos Estados Unidos, foram agraciados com o Nobel de Física 2025 por seus experimentos pioneiros em tunelamento quântico macroscópico e quantização de energia em circuitos elétricos. Seus estudos demonstraram que fenômenos quânticos, antes observados apenas em partículas subatômicas, podem ser aplicados em sistemas maiores. As descobertas pavimentaram o caminho para o desenvolvimento de computadores quânticos, sensores avançados e tecnologias de comunicação de última geração, consolidando a física quântica como base de inovações tecnológicas. Cada laureado receberá medalha, diploma e 11 milhões de coroas suecas.

Nobel de Química 2025

O Nobel de Química de 2025 foi concedido a Susumu Kitagawa, Richard Robson e Omar M. Yaghi pelo desenvolvimento das estruturas metalorgânicas (MOFs), capazes de capturar gases e armazenar energia em nível molecular. Essas construções tridimensionais têm potencial para transformar o combate às mudanças climáticas, permitindo captar dióxido de carbono da atmosfera, filtrar poluentes e armazenar hidrogênio. As pesquisas representam um avanço significativo na química e na sustentabilidade, abrindo caminho para aplicações industriais e ambientais inovadoras. Cada vencedor receberá medalha, diploma e 11 milhões de coroas suecas.