A juíza Indira Talwani, da Corte Distrital de Boston, nos Estados Unidos, derrubou, na sexta-feira (20), uma decisão da administração do ex-presidente Donald Trump que limitava recursos destinados a universidades por meio da Fundação Nacional de Ciência (NSF). A medida, anunciada em maio, colocava em risco dezenas de milhões de dólares voltados a pesquisas em áreas estratégicas como inteligência artificial, cibersegurança e semicondutores.

Na avaliação da magistrada, a proposta de Trump era “arbitrária, caprichosa e contrária à lei”. A decisão garante a manutenção dos chamados “custos indiretos” — gastos com infraestrutura, manutenção e suporte técnico — que não estão diretamente ligados a projetos específicos, mas são considerados essenciais para a continuidade das pesquisas.

Atualmente, a NSF calcula individualmente o valor desses custos para cada universidade beneficiária. Com a mudança proposta pela gestão Trump, haveria um teto fixo de 15% sobre os custos diretos, reduzindo drasticamente os repasses a instituições como a Universidade da Califórnia. Esta, uma das autoras da ação judicial, estimava perdas anuais de quase US$ 100 milhões.

Outras tentativas semelhantes de limitar subsídios também foram barradas na Justiça durante a administração Trump, envolvendo órgãos como o Departamento de Energia e os Institutos Nacionais de Saúde (NIH). Até o momento, a NSF não respondeu oficialmente à anulação da política.

Declarações de Trump agravam crise diplomática com o Irã

Enquanto enfrenta repercussões no campo jurídico, Donald Trump também voltou a agitar o cenário internacional ao protagonizar uma nova escalada retórica contra o Irã. Em publicação feita na última terça-feira (17) em rede social, o ex-presidente exigiu a “rendição incondicional” do governo iraniano e classificou o aiatolá Ali Khamenei como “um alvo fácil”. Embora tenha afirmado não planejar ataques “por enquanto”, Trump advertiu que a “paciência está se esgotando”.

As declarações provocaram uma resposta firme do líder supremo do Irã. Em discurso transmitido pela televisão estatal na quarta-feira (18), Khamenei declarou que qualquer envolvimento militar direto dos Estados Unidos no atual conflito entre Irã e Israel resultará em danos “irreparáveis” para Washington.

“O presidente dos EUA nos ameaça. Ele exige que o povo iraniano se renda. Mas a nação iraniana não se assusta com ameaças”, afirmou Khamenei, reforçando que o país rejeita qualquer tipo de acordo de paz imposto sob pressão. O aiatolá também acusou os Estados Unidos de estarem por trás do ataque israelense ocorrido na sexta-feira (13), em um momento sensível das negociações sobre o programa nuclear iraniano.

Clima de incerteza reforça temor por nova guerra no Oriente Médio

As tensões entre Irã e Israel têm aumentado desde o ataque recente que deu início a um novo capítulo no já conturbado cenário do Oriente Médio. O envolvimento dos EUA, mesmo que indireto, reacende o temor de um conflito em escala maior, especialmente diante do histórico de intervenções americanas na região e da retórica inflamada de Trump.

Para analistas internacionais, a fala de Khamenei reforça a possibilidade de resposta militar iraniana caso os Estados Unidos se posicionem de maneira mais incisiva no conflito. “A entrada dos EUA nesta questão será 100% em seu próprio prejuízo. O dano será irreparável”, declarou o líder religioso.

Ao mesmo tempo em que o Judiciário americano tenta proteger a estabilidade científica e institucional, o discurso político de figuras como Trump pressiona a geopolítica global e amplia os riscos de desdobramentos graves no cenário internacional.