O Ministério das Relações Exteriores de Israel informou, nesta segunda-feira (9), que Greta Thunberg, o brasileiro Thiago Ávila e outros ativistas serão deportados após serem detidos durante tentativa de entrega de ajuda humanitária à Faixa de Gaza. O grupo é ligado à Coalizão Flotilha da Liberdade, que contesta o bloqueio imposto por Israel ao território palestino.

O barco Madleen, utilizado pelos ativistas, está sendo conduzido ao porto de Ashdod. “Existem maneiras de entregar ajuda à Faixa de Gaza — elas não envolvem selfies no Instagram”, declarou o governo israelense, que classificou a missão como uma “provocação midiática”.

Brasil e Suécia acompanham a situação dos detidos

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil declarou que acompanha com atenção a interceptação da embarcação e solicitou a libertação dos tripulantes.

“Ao recordar o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais, o Brasil insta o governo israelense a libertar os tripulantes detidos”, afirmou o Itamaraty, que também pediu a remoção de restrições à entrada de ajuda humanitária em Gaza.

Já o governo sueco, por meio de seu Ministério das Relações Exteriores, disse estar em contato com autoridades israelenses e preparado para oferecer apoio consular a Greta Thunberg, se necessário.

Segundo Israel, todos os passageiros estão ilesos e devem ser repatriados aos seus países de origem. A imprensa local indicou que os detidos foram levados para Ashdod, onde autoridades israelenses pretendem exibir vídeos dos ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023, que deixaram 1.200 mortos e mais de 250 reféns.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel criticou a ação dos ativistas, afirmando que o barco transportava “menos do que um caminhão de ajuda humanitária”. “Tentaram encenar uma provocação midiática com o único propósito de ganhar notoriedade”, afirmou a pasta, que descreveu o Madleen como um “iate de celebridades para selfies”.

Ativistas denunciam bloqueio e pedem apoio internacional

A Coalizão Flotilha da Liberdade, responsável pela ação, afirma que o bloqueio a Gaza é ilegal e acusou Israel de impedir ajuda simbólica composta por arroz e leite em pó. A bordo estavam cidadãos de Brasil, França, Alemanha, Holanda, Espanha, Suécia e Turquia. O grupo diz atuar com base em solidariedade internacional, sem vínculos com governos ou partidos.

O Hamas classificou a interceptação como “violação flagrante do direito internacional” e cobrou a libertação dos ativistas, responsabilizando Israel por sua segurança. A organização também pediu ação urgente das Nações Unidas para romper o bloqueio à Faixa de Gaza.

A Coalizão informou em comunicado que estava ciente do risco de interceptação e preparou-se para a ação israelense. “O Madleen é uma embarcação civil, desarmada e navegando em águas internacionais, transportando ajuda humanitária e defensores dos direitos humanos… Israel não tem o direito de obstruir nossos esforços”, declarou a porta-voz Hay Sha Wiya.

O bloqueio à Faixa de Gaza foi imposto por Israel em 2007 com o argumento de impedir o envio de armas ao Hamas. Em 2010, uma missão similar terminou com a morte de 10 pessoas após a abordagem ao navio Mavi Marmara.

Israel tem permitido entrada limitada de ajuda, com apoio logístico dos EUA e distribuição via Fundo Humanitário de Gaza. No entanto, grupos humanitários contestam a eficácia do modelo e denunciam escassez severa de alimentos. Segundo a ONU, os palestinos enfrentam “a escolha mais sombria: morrer de fome ou correr o risco de serem mortos tentando acessar alimentos”.