O Departamento de Estado dos Estados Unidos anunciou, na quarta-feira (18), a retomada do agendamento de vistos estudantis com uma nova exigência para candidatos estrangeiros: o fornecimento de acesso aos seus perfis em redes sociais. A medida, implementada pelo governo do presidente Donald Trump, visa ampliar os mecanismos de controle e segurança na entrada de estudantes internacionais, com foco especial na identificação de candidatos considerados “politicamente ativos” ou com “atitudes hostis” em relação a aliados estratégicos, como Israel.

A nova diretriz ocorre após a suspensão temporária da emissão de vistos, iniciada em 27 de maio, justamente para permitir a adequação dos consulados norte-americanos ao novo modelo de verificação digital. Durante esse período, o Departamento de Estado reformulou os procedimentos de avaliação para incluir uma análise mais profunda da presença online dos solicitantes.

Atividade política online entra no radar do Departamento de Estado

Segundo documento interno assinado pelo secretário de Estado, Marco Rubio, e obtido pela agência Reuters, funcionários consulares devem estar atentos a conteúdos relacionados a ativismo político, com atenção especial a manifestações de apoio à Palestina e a críticas ao Estado de Israel, especialmente no contexto da guerra em Gaza. O objetivo, segundo o memorando, é impedir a entrada de indivíduos considerados potencialmente “radicalizados” ou que possam representar risco à segurança nacional.

A orientação é clara: a verificação vai além das redes sociais. Os agentes consulares estão autorizados a utilizar mecanismos de busca e outras ferramentas online para avaliar toda a “pegada digital” dos candidatos. Isso inclui vídeos, postagens públicas, participação em fóruns, artigos publicados, entre outros conteúdos disponíveis na internet.

Contas trancadas ou privadas podem levantar suspeitas

Durante a entrevista para obtenção do visto, os solicitantes serão alertados de que restringir o acesso aos seus perfis pode ser interpretado como tentativa de ocultação de conteúdo. Conforme orientações internas do Departamento de Estado, os agentes devem lembrar aos candidatos que a falta de transparência nas redes sociais poderá impactar negativamente a decisão sobre a concessão do visto.

Além disso, o próprio processo de avaliação poderá reduzir a capacidade dos consulados de atender à demanda anterior. A recomendação é de que os postos norte-americanos ajustem o volume de agendamentos, priorizando qualidade e profundidade na análise dos perfis digitais. Isso poderá significar uma diminuição temporária nas consultas diárias.

Médicos e candidatos universitários terão prioridade

Apesar do novo rigor, o governo dos EUA orientou que sejam priorizados os pedidos de visto de profissionais de saúde nascidos fora dos EUA, especialmente médicos vinculados a programas de intercâmbio. Também devem receber tratamento prioritário os estudantes aceitos por instituições de ensino norte-americanas, que, atualmente, têm menos de 15% de seu corpo discente formado por estrangeiros.

Os novos procedimentos devem ser implementados pelos consulados no exterior em até cinco dias úteis a partir da data do anúncio. A expectativa é de que as mudanças provoquem impacto significativo na rotina dos consulados e no tempo de tramitação dos pedidos de visto estudantil.

Desfile militar de Trump marca aniversário do Exército em meio a protestos nacionais

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comandou no último sábado (14), uma celebração militar em Washington para comemorar os 250 anos do Exército americano. O evento contou com exibição de tanques, mísseis e aviões de guerra, além de apresentações históricas com trajes e equipamentos das principais campanhas do país. A estrutura foi montada com fortes medidas de segurança, incluindo cercas e controle rigoroso de acesso ao centro da capital. A celebração coincidiu com o aniversário de 79 anos do presidente e foi realizada sob alerta de tempestades, começando com atraso, mas sem interrupções.

Enquanto o desfile ocorria, manifestações silenciosas contra o governo foram organizadas em Washington e diversas outras cidades dos EUA. Os protestos, muitos associados à campanha “Refuse Fascism”, atraíram milhares de pessoas e ocorreram de forma pacífica, embora sob forte presença policial. Os atos expressaram críticas às políticas da administração Trump, especialmente em temas como direitos civis, apoio a Israel e repressão a opositores. Mesmo com o clima tenso, o desfile foi concluído sem incidentes graves, em meio a uma polarização crescente no cenário político norte-americano.