Governo colombiano recua e aceita deportados dos EUA, após ameaças de Trump em impor tarifas

Após anunciar que não permitira a entrada de aviões militares dos Estados Unidos, trazendo os migrantes deportados, o presidente colombiano, Gustavo Petro, recuou e autorizou a entrada das aeronaves, diante do presidente Donald Trump ameaçar impor tarifas de 25% nas importações. Segundo comunicado divulgado, na madrugada desta segunda-feira (27) – horário de Brasília, pela secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, o governo da Colômbia concordou com todos os termos do republicano, e irá receber os imigrantes ilegais que foram deportados, sem nenhuma “limitação ou demora”.

Entenda

O presidente Gustavo Petro anunciou, no domingo (26), que os aviões oriundos dos EUA, que transportavam colombianos deportados, estavam proibidos de entrar no país. “Desautorizo a entrada de aviões norte-americanos com migrantes colombianos ao nosso território.”

Segundo a imprensa internacional, a decisão de Petro foi tomada devido à forma como os imigrantes deportados foram tratados pelos agentes norte-americanos, denunciados por maus-tratos. O presidente da Colômbia informou ainda que os aviões com deportados só seriam aceitos com a implementação de um protocolo que garanta um tratamento digno.

Resposta de Trump

Após a decisão do governo colombiano, o presidente dos EUA afirmou que imporia imediatamente tarifas de 25% sobre todo produto de origem colombiana vendido no país. Em declaração, Leavitt afirmou que as tarifas serão “mantidas em reserva e não assinadas”.

Ainda na declaração, a secretária de imprensa da Casa Branca informou que o governo norte-americano aplicaria restrições de visto para oficiais colombianos e faria inspeções alfandegárias aprimoradas de bens do país. “Até que o primeiro carregamento de deportados colombianos seja retornado com sucesso”, diz a nota.

Esforços para evitar escalada da crise

O ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, afirmou que o país considera o impasse como “superado” e se comprometeu a oferecer condições dignas para os cidadãos retornados. Segundo ele, a Colômbia disponibilizará o avião presidencial para facilitar o retorno dos deportados.

“Superamos o impasse com o governo dos Estados Unidos. Continuaremos a receber colombianos que retornam como deportados, garantindo-lhes condições dignas como cidadãos sujeitos a direitos”, declarou Murillo.

O ministro afirmou ainda que o avião presidencial será usado para buscar os deportados, em vez de esperar que eles cheguem em aeronaves militares dos EUA.

Brasileiros deportados chegam ao Brasil

O primeiro avião com brasileiros deportados pelo governo Trump chegou, no último sábado (25), ao Aeroporto Internacional de Confins, na capital mineira Belo Horizonte. Os imigrantes deportados foram recepcionados pela ministra dos Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo, que criticou o comportamento das autoridades norte-americanas no tratamento dos deportados.

“O nosso posicionamento é que os países podem ter suas políticas migratórias, mas não podem nunca violar os direitos humanos de ninguém, especialmente os das crianças. Então, eu queria também pedir que as famílias com crianças tenham prioridade nesse desembarque”, declarou a ministra ao recepcionar os 88 brasileiros deportados.

Brasileiros algemados

Antes de chegar ao Aeroporto de Confins, em Minas Gerais, o avião com os deportados pousou, na sexta-feira (24), em Manaus, após uma falha técnica na aeronave. Já em solo brasileiro, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) ordenou a retirada das algemas de todos os deportados.

Não é a primeira ocasião em que brasileiros deportados dos Estados Unidos enfrentaram o uso de algemas e correntes por parte das autoridades americanas. Porém, desta vez, o governo brasileiro conseguiu intervir e exigir a remoção das algemas graças ao pouso inesperado da aeronave em Manaus.

“Por orientação de [Ricado] Lewandowski [ministro da Justiça], a Polícia Federal recepcionou os brasileiros e determinou às autoridades e representantes do governo norte-americano a imediata retirada das algemas. O ministro destacou ao presidente o flagrante desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros”, diz o comunicado.