A ByteDance, que controla o TikTok, informou neste sábado (5) que a venda de 50% de suas operações nos Estados Unidos ainda não avançou. A empresa divulgou comunicado oficial na plataforma chinesa WeChat informando que há “desacordos importantes” entre as partes envolvidas nas negociações.

A companhia afirmou ainda que qualquer acordo dependerá da legislação chinesa.

“A ByteDance ainda está em negociações com o governo dos EUA, mas nenhum acordo foi alcançado, e os 2 lados continuam em desacordo em muitas questões importantes. De acordo com a lei chinesa, qualquer acordo está sujeito a procedimentos de revisão relevantes”, publicou.

O impasse acontece em meio à tentativa da ByteDance de manter parte das operações do TikTok em território norte-americano. A Justiça da China também poderá revisar qualquer eventual acordo, conforme as leis locais.

A negociação ocorre sob pressão dos Estados Unidos, que ameaçam banir a rede social caso não haja transferência parcial da propriedade para uma empresa norte-americana.

Trump estende prazo para negociação

Na sexta-feira (4), o presidente Donald Trump anunciou a extensão do prazo para que o TikTok se adeque à exigência de venda. O novo limite passa a ser 18 de junho, com mais 75 dias para que metade das operações seja transferida a uma empresa dos EUA. O anúncio foi feito por Trump na rede Truth Social.

“O acordo requer mais trabalho para garantir que todas as aprovações necessárias sejam assinadas […]. Não queremos que o TikTok ‘desapareça’. Estamos ansiosos para trabalhar com o TikTok e a China para fechar o acordo”, escreveu.

Medida segue lei de 2024 sancionada por Biden

A medida faz parte de uma legislação sancionada em 2024 pelo ex-presidente Joe Biden. A lei exige que a ByteDance venda 100% de suas operações, sob o argumento de que o TikTok representa risco à segurança nacional. Legisladores alegam que o aplicativo poderia ser usado para espionagem por autoridades chinesas.

A rede social chegou a ser retirada do ar em 19 de janeiro. No dia seguinte, após a posse de Donald Trump, o novo presidente assinou um decreto que reduziu a exigência para 50% da operação, com um prazo inicial de 75 dias, encerrado neste sábado (5). A prorrogação dá novo fôlego às tratativas.

Tarifas e tensão comercial com a China

Na mesma publicação em que anunciou a prorrogação, Trump também comentou sobre as tarifas aplicadas a produtos chineses.

Segundo ele, a China “não está muito feliz” com a tarifa de 34%, mas a medida é necessária. “Elas são necessárias para um comércio justo e equilibrado”, afirmou.

A declaração foi vista como um aceno à continuidade das negociações, ainda que sob um cenário de tensão comercial. O presidente norte-americano afirmou ainda esperar que as conversas com o governo chinês avancem “de boa-fé”.

Lula reage a Trump e promete retaliação

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta quinta-feira (3) que o Brasil adotará “todas as medidas cabíveis” para proteger a economia nacional, em resposta à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 10% sobre as exportações brasileiras para o mercado norte-americano.

Segundo Lula, as ações serão fundamentadas na lei da reciprocidade econômica, aprovada na última quarta-feira (2) pelo Congresso, e nas diretrizes da Organização Mundial do Comércio (OMC). Em discurso durante evento que marcou 2 anos de sua gestão, Lula destacou que o Brasil não aceitará medidas protecionistas que comprometam sua soberania.

“É um país que fala igual para igual e respeita todos os países, dos mais pobres aos mais ricos, mas que exige reciprocidade no tratamento”, iniciou.

“Defendemos o multilateralismo e o livre comércio e responderemos a qualquer tentativa de impor protecionismo, que não cabe mais hoje no mundo”, declarou Lula.

O presidente também enfatizou a independência econômica e política do Brasil.

“Não batemos continência para nenhuma outra bandeira que não seja a verde e amarela”.