A ofensiva militar conduzida pelo presidente Donald Trump contra alvos estratégicos no Irã neste sábado (21) gerou repercussões imediatas no cenário político dos Estados Unidos e no exterior. O ataque, realizado sem autorização prévia do Congresso, provocou forte reação de parlamentares democratas, entre eles a deputada Alexandria Ocasio-Cortez, que defendeu a abertura de um processo de impeachment contra o presidente. Em publicação na plataforma X (antigo Twitter), Ocasio-Cortez afirmou que Trump violou a Constituição ao ordenar ações militares sem consulta ao Legislativo, o que, segundo ela, configura abuso de poder.

A declaração marca um dos posicionamentos mais incisivos dentro do Partido Democrata após o ataque, e amplia o debate sobre os limites da autoridade presidencial em decisões de guerra. Outros parlamentares democratas, como o representante Jim Himes, de Connecticut, também criticaram a falta de envolvimento do Congresso. “De acordo com a Constituição que ambos juramos defender, minha atenção a este assunto vem antes das bombas caírem. Ponto final”, escreveu o deputado, que atua como principal democrata no Comitê de Inteligência da Câmara.

Reações divididas entre democratas e apoio majoritário entre republicanos

Enquanto vozes democratas cobram explicações e questionam a legalidade da ação, parlamentares republicanos manifestaram apoio quase unânime ao presidente. O senador Lindsey Graham, da Carolina do Sul, publicou “Muito bem, presidente Trump”, em sua conta no X. John Cornyn, senador do Texas, classificou a decisão como “corajosa e correta”, e Katie Britt, do Alabama, afirmou que os bombardeios foram “fortes e cirúrgicos”.

O presidente do Comitê de Serviços Armados do Senado, Roger Wicker, destacou que Trump “tomou uma decisão deliberada e correta de eliminar a ameaça existencial representada pelo regime iraniano”. Para ele, a ação demonstra firmeza dos Estados Unidos diante de possíveis riscos à segurança nacional.

O líder da maioria no Senado, John Thune, também declarou apoio, ressaltando que os ataques têm como objetivo evitar que o Irã desenvolva armamento nuclear. “Enquanto agimos esta noite para garantir que uma arma nuclear permaneça fora do alcance do Irã, estou com o presidente Trump e rezo pelos soldados e pessoal americano em perigo”, escreveu.

Divisões internas nos dois partidos

Apesar do alinhamento predominante entre os republicanos, o ataque ao Irã também expôs divisões internas nos dois partidos. O senador democrata John Fetterman, defensor de Israel, divergiu da maioria de seus correligionários ao elogiar a ação militar. “Como sempre mantive, esta foi a decisão correta do presidente. O Irã é o maior patrocinador mundial do terrorismo e não pode ter capacidades nucleares”, declarou.

No campo republicano, o representante Thomas Massie, do Kentucky, adotou posição crítica. Conhecido por se opor à participação dos EUA em conflitos internacionais, Massie afirmou que os bombardeios “não são constitucionais” e criticou a ausência de aval legislativo para a operação.

O Senado deverá votar ainda nesta semana uma resolução apresentada pelo senador Tim Kaine, da Virgínia, que exige autorização formal do Congresso para qualquer nova ação militar contra o Irã. A medida reacende a discussão sobre os poderes de guerra do Executivo e busca estabelecer limites claros à atuação do presidente em questões bélicas.

ONU manifesta preocupação com escalada do conflito

A repercussão do ataque também se estendeu ao cenário internacional. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, afirmou estar “profundamente alarmado” com o uso da força pelos Estados Unidos e alertou para os riscos de instabilidade regional.

“Trata-se de uma escalada perigosa em uma região já em crise – e uma ameaça direta à paz e à segurança internacionais”, escreveu Guterres em publicação na rede X. A declaração representa a primeira manifestação oficial da ONU sobre os bombardeios e reforça a tensão diplomática gerada pelo episódio.