Delegado da PF é eleito primeiro brasileiro a liderar a Interpol

O delegado da Polícia Federal Valdecy Urquiza, de 43 anos, assumirá a secretaria-geral da Interpol, a maior organização policial do mundo. Urquiza, o primeiro brasileiro e o primeiro representante de um país em desenvolvimento a ocupar esse cargo, foi escolhido pela maioria dos 196 países membros da Interpol durante a 92ª Assembleia-Geral, realizada em Glasgow, na Escócia. A indicação inicial do nome de Urquiza ocorreu em junho pelo comitê executivo da Interpol, em Lyon, e foi ratificada nesta terça-feira (5).

A eleição de Urquiza, que contou com 145 votos favoráveis dos 153 países presentes, reflete a confiança da comunidade internacional na competência e no profissionalismo da Polícia Federal brasileira. Em nota, a PF destacou a importância dessa ratificação, considerando-a “uma prioridade do governo brasileiro no combate ao crime organizado transnacional, que depende de uma forte cooperação internacional”.

Primeiro líder de um país emergente

Urquiza é o primeiro latino-americano a ocupar o cargo mais alto da Interpol em seus 101 anos de história. Antes dele, a organização já foi liderada por representantes da Áustria, França, Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos. Ele assume o posto deixado pelo alemão Jürgen Stock, que liderou a Interpol desde 2014, e terá mandato inicial de cinco anos, com possibilidade de renovação.

Ao longo de sua trajetória, Urquiza atuou em diversas frentes de cooperação internacional. Como atual diretor de Cooperação Internacional da Polícia Federal, ele já foi vice-presidente da Interpol para as Américas e chefe do Escritório Central Nacional da Interpol no Brasil. Com formação em Direito pela Universidade de Fortaleza e especializações em Administração Pública e Direito Ambiental, o delegado traz uma sólida experiência que inclui passagem pela Academia Nacional do FBI, nos Estados Unidos.

Em discurso após sua confirmação, Urquiza destacou que sua gestão será guiada pelos pilares de tecnologia, inclusão e integridade. Segundo ele, o aumento da sofisticação dos crimes transnacionais exige que a Interpol invista em soluções tecnológicas e adote uma abordagem mais inclusiva no combate ao crime global. “Um dos temas que mais tem se destacado é justamente a exploração sexual de crianças através da internet. E isso exige uma resposta global”, afirmou.

Liderança com foco em eficiência e inovação

O delegado brasileiro enfatiza que pretende ampliar a atuação da Interpol em países em desenvolvimento, levando tecnologias avançadas para reforçar o combate ao crime. Ele acredita que a experiência da PF, que tem se destacado pela capacidade de fazer muito com recursos limitados, será valiosa na gestão da Interpol. “A Polícia Federal consegue alcançar muito com poucos recursos. É um nível de eficiência acima da média, e o comprometimento dos profissionais também é bem acima da média”, ressaltou Urquiza.

Ao lado de sua família, o novo secretário-geral da Interpol se mudará para Lyon, na França, onde está localizada a sede da organização. Urquiza assume oficialmente o cargo no final desta semana, quando se encerra a Assembleia-Geral.