O Conclave que definirá o novo papa da Igreja Católica começa, nesta quarta-feira (7), na Capela Sistina, no Vaticano, reunindo 133 cardeais eleitores de diferentes partes do mundo. Este rito centenário, realizado a portas fechadas, deve durar entre dois e três dias, segundo a média histórica e a expectativa dos participantes. A votação acontece após a morte do papa Francisco no último dia 21, abrindo espaço para intensas discussões sobre os rumos da Igreja.

Nos últimos dez conclaves, a duração média foi de 3,2 dias, e nenhum ultrapassou cinco. Eleições rápidas são interpretadas como sinal de unidade no Colégio de Cardeais, enquanto votações prolongadas sugerem divisões internas sobre a liderança e o futuro da instituição. A escolha se dá por meio de votação secreta, sendo necessário alcançar dois terços dos votos — ou seja, 89 entre os 133 possíveis.

Processo de votação e rituais do conclave

A eleição ocorre em total isolamento, na chamada “zona de conclave”, dentro do Vaticano. Durante o período, os cardeais não têm acesso a dispositivos eletrônicos nem podem se comunicar com o exterior. A votação se realiza na Capela Sistina, sob os afrescos de Michelangelo, em até quatro sessões por dia — duas pela manhã e duas à tarde.

A primeira votação costuma funcionar como um teste informal, onde diversos nomes são citados sem compromisso definitivo. A partir do segundo dia, os votos tendem a se concentrar nos candidatos considerados mais viáveis. Se após três dias não houver consenso, os cardeais fazem uma pausa para oração. Persistindo o impasse após 34 votações, os dois nomes mais votados disputam um segundo turno, ainda exigindo dois terços dos votos para vitória.

A cada rodada, as cédulas são queimadas, e a fumaça que sai da chaminé da Capela Sistina indica o andamento do processo. Fumaça preta significa que não houve decisão; fumaça branca revela que um novo papa foi eleito. Esse sinal visual é aguardado com expectativa por fiéis de todo o mundo.

Expectativa por unidade e influência dos ‘novos’ cardeais

A maioria dos cardeais presentes foi nomeada pelo próprio papa Francisco, o que imprime uma nova dinâmica ao processo. Estima-se que cerca de 80% dos eleitores nunca participou de um conclave antes, o que pode dificultar a construção de consensos rápidos. Essa falta de familiaridade entre os votantes pode levar à necessidade de mais rodadas de votação.

Ainda assim, líderes e estudiosos indicam que há um esforço coletivo para evitar um conclave prolongado. O cardeal Gregorio Rosa Chavez, de El Salvador, declarou esperar uma decisão “em no máximo três dias”, refletindo o desejo de projetar coesão interna.

Entre os possíveis papáveis, destacam-se nomes como o italiano Pietro Parolin e o filipino Luis Antonio Tagle, favoritos entre observadores do Vaticano. Contudo, o processo é conhecido por suas reviravoltas. Em 2013, Jorge Mario Bergoglio, então um nome pouco cotado foi eleito papa Francisco após ganhar destaque durante as reuniões prévias e consolidar apoio nas primeiras votações.

Bastidores e articulações discretas

Embora qualquer campanha seja oficialmente proibida, é comum que cardeais troquem impressões e articulem apoios durante refeições e convivência em Santa Marta, a residência vaticana onde estão hospedados. Nessas conversas informais podem emergir nomes de consenso, capazes de unificar diferentes alas da Igreja.

O historiador Giovanni Vian recorda que grandes eleitores influentes foram decisivos em conclaves anteriores. Em 1978, por exemplo, cardeais da Europa Central e dos Estados Unidos promoveram a eleição do polonês Karol Wojtyla, futuro João Paulo II.

Nesta edição, a tensão entre alas conservadoras e progressistas é perceptível. O cardeal alemão Gerhard Mueller tem dado entrevistas reforçando posições tradicionais, enquanto outros, como o canadense Michael Czerny, defendem a continuidade da visão reformista de Francisco.

Quando saberemos o resultado?

Não há horário fixo para a fumaça branca, mas os dois últimos conclaves indicam um padrão: em 2013, ela apareceu às 19h06 no horário local; em 2005, às 17h50. Em ambos os casos, o novo papa foi anunciado pouco mais de uma hora depois da fumaça branca.

Com a primeira votação marcada para a tarde desta quarta-feira, é possível que as decisões mais significativas comecem a surgir na quinta (8). Caso a fumaça branca apareça até sexta-feira, a Igreja Católica terá um novo pontífice em tempo recorde algo que mostraria a imagem de união desejada pelos cardeais.