O Vaticano instalou, na manhã desta segunda-feira (5), as tradicionais cortinas vermelhas na varanda central da Basílica de São Pedro, conhecida como “Loggia delle Benedizioni”. É ali que o novo papa aparecerá pela primeira vez após ser escolhido, para dar a bênção “Urbi et Orbi” à multidão reunida na Praça de São Pedro. A ação acontece dois dias antes do início do Conclave, marcado para quarta-feira (7).

A chaminé por onde sairá a fumaça preta, se não houver decisão; branca, em caso de eleição também foi posicionada sobre a Capela Sistina. A combinação dos símbolos reforça o clima de expectativa em torno da eleição papal, que reunirá 133 cardeais com menos de 80 anos, os únicos com direito a voto.

Como funciona o Conclave

As votações serão realizadas na Capela Sistina, sob os afrescos de Michelangelo. São esperadas até quatro rodadas diárias, duas pela manhã e duas à tarde. Para ser eleito, o candidato precisa obter ao menos dois terços dos votos — o que significa 89 votos entre os 133 eleitores. Se não houver definição até o terceiro dia, há uma pausa de 24 horas. Se persistir o impasse após sete votações adicionais, outra pausa pode ser convocada.

Se 34 votações forem realizadas sem resultado, os dois mais votados passam a disputar um “segundo turno”, mas ainda com necessidade de atingir os dois terços. Nos dois últimos conclaves — de Bento XVI, em 2005, e de Francisco, em 2013 — o resultado saiu em apenas dois dias. A expectativa para 2025 segue a mesma linha.

Brasileiros no Conclave

Atualmente, sete brasileiros têm direito a voto no Conclave:

• Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador e primaz do Brasil (65 anos)
• Jaime Spengler, presidente da CNBB (64 anos)
• Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo (75 anos)
• Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro (74 anos)
• Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília (57 anos)
• João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília (77 anos)
• Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus (74 anos)

Favoritos ao papado vêm de diferentes continentes

A lista de papáveis inclui nomes com perfis variados — de progressistas a conservadores —, refletindo as diferentes correntes dentro da Igreja Católica. Conheça os principais cotados, conforme lista divulgada pelo G1:

Jean-Marc Aveline (França)

Francês nascido na Argélia, é visto como sucessor natural do estilo de Francisco. Próximo das pautas sociais e da imigração, é conhecido por sua simplicidade e carisma. Foi promovido rapidamente sob o papado de Francisco, tornando-se cardeal em 2022. Tem perfil reformista e é chamado por alguns de “João XXIV”.

Péter Erdő (Hungria)

Cardeal conservador e jurista, com destaque na Europa e África. Já era favorito em 2013. Defende as raízes cristãs do continente, mas demonstrou pragmatismo em momentos-chave. Foi crítico da política migratória, mas recuou após diálogo com Francisco. Foi o mais jovem cardeal da Igreja em 2003.

Mario Grech (Malta)

Inicialmente conservador, tornou-se defensor das reformas de Francisco. Secretário-geral do Sínodo dos Bispos, sua liderança cresceu no Vaticano. Em 2014, pediu maior acolhimento da Igreja aos LGBTQIA+. Ganhou elogio público do papa por seu discurso.

Juan José Omella (Espanha)

Aos 79 anos, é um dos mais experientes entre os favoritos. Conhecido por seu trabalho com justiça social e proximidade com os pobres. Missionário na África e arcebispo de Barcelona desde 2015. Tornou-se cardeal em 2016, com forte apoio de Francisco.

Pietro Parolin (Itália)

Secretário de Estado do Vaticano desde 2013, é chamado de “vice-papa”. Foi embaixador na Venezuela e responsável por acordos com China e Vietnã. É diplomático, discreto nas disputas internas e evita temas polêmicos. Seu nome é favorito entre os mais moderados.

Luis Antonio Gokim Tagle (Filipinas)

Apelidado de “Francisco Asiático”, é defensor da justiça social e possui grande experiência pastoral. Nomeado cardeal em 2012, foi levado ao Vaticano em 2019. Lidera o Dicastério para a Evangelização. É o principal nome da Ásia e tem origem filipina e chinesa.

Joseph Tobin (Estados Unidos)

Aos 73 anos, é defensor da inclusão de LGBTQIA+ na Igreja. Foi promovido por Francisco após bom desempenho como arcebispo de Indianápolis e Newark. Destacou-se ao lidar com escândalos de abuso sexual e enfrentou políticas anti-imigração de Donald Trump.

Leonardo Ulrich Steiner (Brasil)

Primeiro cardeal da Amazônia, é visto como símbolo da Igreja voltada à ecologia e aos povos originários. Foi arcebispo de Manaus e secretário da CNBB. É doutor em Filosofia e tem forte atuação pastoral e educacional.

Peter Turkson (Gana)

Cardeal africano com trajetória pastoral e diplomática. Chefiou o Conselho Justiça e Paz, atuando em temas como mudanças climáticas. Forte comunicador, já foi conselheiro direto de papas e é cotado por representar o crescimento da Igreja na África.

Matteo Maria Zuppi (Itália)

Conhecido como o “Bergoglio italiano”, é progressista e próximo das causas sociais. Usa bicicleta e vive de forma simples. Lidera a Igreja Italiana desde 2022. É elogiado por seu trabalho com migrantes, mas criticado por lentidão em lidar com abusos.

Rumo à definição do novo pontífice

O mundo acompanha com expectativa a fumaça da Capela Sistina, que pode surgir a qualquer momento entre quarta e sexta-feira. Caso seja branca, anunciará ao mundo que “Habemus Papam”. Entre nomes progressistas, conservadores e moderados, o novo líder da Igreja Católica terá como missão guiar mais de 1,3 bilhão de fiéis em tempos de transformações internas e desafios globais.