China busca reativar acordo comercial de 2020 para evitar novas tarifas de Trump

México e Canadá também montam estratégias contra barreiras econômicas do presidente americano


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Estadão Conteúdo e Redação 03/02/2025 11:35 Internacional
China busca reativar acordo comercial de 2020 para evitar novas tarifas de Trump - Reprodução/Instagram @realdonaldtrump

O governo chinês está preparando uma proposta para tentar conter o avanço das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos. A iniciativa busca reativar o acordo firmado em 2020, durante o primeiro mandato do presidente Donald Trump, que acabou fracassando na época. Segundo fontes próximas ao assunto, Pequim vê a retomada desse pacto como uma alternativa para evitar novas sanções e garantir maior acesso ao mercado americano.

China tenta barrar novas restrições comerciais

A decisão ocorre após Trump anunciar, neste sábado (1º), uma tarifa adicional de 10% sobre importações chinesas. Apesar de considerar a medida um sinal de pressão, Pequim acredita que esse percentual ainda está abaixo do que seria considerado inaceitável pelo governo chinês.

O Ministério do Comércio da China reagiu de maneira cautelosa, informando que pretende acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) contra os EUA e pedindo um “diálogo franco” entre os dois países para evitar uma escalada na guerra comercial.

Reedição do acordo

O acordo comercial assinado em 2020, intitulado de “Acordo de Fase Um” exigia que a China aumentasse a compra de produtos e serviços americanos em US$ 200 bilhões ao longo de dois anos. Como a meta não foi atingida, Pequim agora avalia quais setores podem ser incluídos em uma nova negociação.

Além disso, a China pode propor investimentos estratégicos nos Estados Unidos, incluindo o setor de baterias para veículos elétricos. O governo chinês também estuda comprometer-se a não desvalorizar sua moeda para manter a competitividade e reduzir as exportações de insumos para a fabricação de fentanil.

Outro ponto em discussão é a plataforma TikTok, que Pequim pode tratar como um “assunto comercial”, oferecendo participação no aplicativo para investidores americanos em troca de concessões no acordo.

Canadá anuncia tarifas retaliatórias contra Estados Unidos

O governo do Canadá respondeu às recentes tarifas impostas pelos EUA com medidas econômicas de impacto. O Departamento de Finanças canadense anunciou, neste último domingo (2), um pacote de US$ 30 bilhões em tarifas sobre mais de 100 produtos americanos, abrangendo carnes, laticínios, frutas, veículos, eletrônicos e equipamentos militares.

Essas tarifas, que entram em vigor na terça-feira (4), fazem parte da primeira fase de uma resposta mais ampla, que pode atingir US$ 155 bilhões em importações dos EUA. O governo canadense também informou que permitirá que empresas locais solicitem isenções tarifárias em casos específicos.

O ministro das Finanças, Dominic LeBlanc, afirmou que o Canadá não aceitará tarifas “injustificadas e irracionais” por parte dos Estados Unidos. “O Canadá não ficará parado enquanto os EUA impõem tarifas injustificadas e irracionais sobre produtos canadenses”, afirmou.

A segunda fase do plano tarifário, envolvendo um volume adicional de US$ 125 bilhões, será submetida à consulta pública pelos próximos 21 dias. Conforme o documento oficial do Departamento de Finanças, a segunda lista de produtos sujeitos a tarifas incluirá veículos de passageiros, caminhões, itens de aço e alumínio, frutas, vegetais, produtos aeroespaciais e carnes. Já a primeira lista abrange café, chá, especiarias, mel, ovos, laticínios e equipamentos militares, como bombas, granadas, torpedos e mísseis.

Essa medida é uma resposta à ordem executiva assinada por Trump no sábado (1), que estabelece tarifas de 25% sobre produtos canadenses e 10% sobre a energia do país. O governo dos EUA já indicou que poderá “aumentar ou expandir o escopo das taxas” caso o Canadá adote ações retaliatórias, conforme estipulado em uma cláusula do documento americano.

O impacto dessa medida pode ser significativo, visto que o Canadá é o maior mercado de exportação para 36 estados americanos, movimentando diariamente US$ 2,5 bilhões em comércio bilateral. De acordo com dados oficiais, o Canadá importa mais produtos dos Estados Unidos do que a China, o Japão, a França e o Reino Unido combinados.

México rejeita acusações dos EUA e critica tarifas

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, também reagiu às recentes sanções comerciais impostas pelos EUA. Em um pronunciamento neste domingo (2), Sheinbaum negou veementemente as acusações de que seu governo teria vínculos com o crime organizado e classificou as alegações como “terrivelmente irresponsáveis”.

A líder mexicana anunciou que, nesta segunda-feira (3), apresentará um “Plano B” em resposta às tarifas de 25% estabelecidas pelos EUA. Em sua fala, Sheinbaum enfatizou a soberania nacional. “Rejeitamos categoricamente a calúnia que faz a Casa Branca contra o governo do México de ter alianças com organizações criminais, assim como qualquer intenção intervencionista em nosso território. A soberania não se negocia”, disse a presidente.

Como contra-argumento, a presidente destacou que, segundo o Departamento de Justiça dos EUA, 74% das armas usadas pelo crime organizado no México entram ilegalmente pelo mercado americano. Além disso, o governo mexicano apreendeu mais de 40 toneladas de drogas nos últimos quatro meses, incluindo 20 milhões de doses de fentanil.

Ao adotar um tom conciliatório, Sheinbaum sugeriu a criação de uma mesa de trabalho bilateral, reunindo “as melhores equipes de segurança e saúde pública” de ambos os países. “O México não quer confrontação. Partimos da colaboração entre países vizinhos”, afirmou. “Coordenação, sim; subordinação, não”, completou Sheinbaum.

As tarifas impostas pelos Estados Unidos, que estavam suspensas há 30 anos devido ao acordo de livre comércio entre os países, estão previstas para entrar em vigor na próxima terça-feira (4). A decisão ocorre em meio ao aumento das tensões relacionadas à imigração e ao combate ao tráfico de fentanil.

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