O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o primeiro-ministro vietnamita, Pham Minh Chính, encerraram, neste domingo (30), o Fórum Econômico Brasil-Vietnã. Durante o evento, Lula reforçou seu compromisso com a agenda climática e ambiental, destacando a necessidade urgente de descarbonização e o potencial de cooperação entre os dois países para enfrentar os desafios globais.

Compromisso com descarbonização e energia limpa

Em seu discurso, Lula enfatizou a importância da transição para fontes energéticas mais sustentáveis. “A descarbonização não é uma escolha, é uma necessidade e uma grande oportunidade. Temos décadas de experiência em biocombustíveis, que são alternativas de baixo custo para os setores automotivo e de aviação, e mesmo para a geração de energia elétrica. Há potencial de cooperação em energia eólica e solar, bem como em hidrogênio verde”, afirmou o presidente.

Lula também ressaltou o papel do setor privado na redução das emissões de carbono e no financiamento climático. Segundo ele, a parceria entre Brasil e Vietnã pode gerar soluções inovadoras para mitigar os impactos das mudanças climáticas e impulsionar uma economia verde.

Fundo para preservação de florestas tropicais

O presidente destacou a criação do Fundo Florestas Tropicais Para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), iniciativa voltada para garantir apoio financeiro contínuo a países tropicais que conservam suas florestas. “Seu objetivo é gerar um fluxo de apoio financeiro permanente aos países tropicais que, como Brasil e Vietnã, conservam suas florestas em benefício de toda a humanidade”, afirmou Lula.

A conservação das florestas é uma prioridade comum entre os dois países, que enfrentam os efeitos das mudanças climáticas. Ambos são grandes produtores e exportadores de café, setor que pode se beneficiar de uma cooperação técnica e científica para aumentar a resiliência climática da cafeicultura.

Chamado para metas climáticas mais ambiciosas

Lula aproveitou a oportunidade para convocar todos os países a adotarem metas mais ambiciosas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. As Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) representam os compromissos de cada nação no combate às mudanças climáticas e devem ser atualizadas com metas para 2035 antes da COP30.

“Todos os países devem apresentar NDCs ambiciosas e alinhadas à meta de limitar o aquecimento global a 1,5ºC”, declarou o presidente brasileiro.

Parceria estratégica entre Brasil e Vietnã

Durante sua visita de Estado ao Vietnã, Lula esteve acompanhado pela ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. Eles se reuniram com os principais líderes do sistema político vietnamita: o presidente Luong Cuong, o primeiro-ministro Pham Minh Chính, o presidente da Assembleia Nacional, Tran Thanh Man, e o secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista do Vietnã, Tô Lâm.

Lula e Luong Cuong assinaram, na sexta-feira (28), o Plano de Ação para Implementação da Parceria Estratégica. O documento estabelece prioridades para a cooperação bilateral em diversas áreas, incluindo defesa, economia, comércio, investimentos, agricultura, segurança alimentar e nutricional, ciência e tecnologia, meio ambiente e sustentabilidade, transição energética e cooperação sociocultural.

A parceria estratégica busca fortalecer o diálogo político entre os dois países, aumentar o fluxo de comércio e investimentos e aprofundar a colaboração em temas globais. O compromisso reforça o papel do Brasil e do Vietnã no cenário internacional como atores relevantes no combate às mudanças climáticas e na promoção do desenvolvimento sustentável.

Histórico de relações diplomáticas

Em 2024, Brasil e Vietnã celebraram 35 anos de relações diplomáticas. A elevação do status da relação para Parceria Estratégica ocorreu em 17 de novembro de 2024, durante a Cúpula do G20 no Rio de Janeiro, onde Lula recebeu o convite para visitar o país asiático.

Nos últimos 2 anos, Lula e Pham Minh Chính se encontraram em três ocasiões: na Cúpula do G7, em Hiroshima (maio de 2023); durante visita oficial a Brasília (setembro de 2023); e na Cúpula do G20, no Rio de Janeiro (novembro de 2024). Esses encontros reforçam o fortalecimento das relações bilaterais e abrem novas perspectivas para parcerias futuras.