Israel deportou, nesta quinta-feira (12), seis ativistas internacionais que estavam a bordo do barco humanitário Madleen, interceptado enquanto tentava romper o bloqueio à Faixa de Gaza. Entre os deportados está o brasileiro Thiago Ávila e a eurodeputada francesa Rima Hassan, que já havia sido proibida anteriormente de entrar em território israelense por apoiar boicotes ao país.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel classificou a ação do barco como “manobra publicitária” e publicou em sua conta oficial na rede X uma imagem de Hassan em um avião.

“Mais seis passageiros do ‘iate das selfies’, incluindo Rima Hassan, estão deixando Israel. Tchau-tchau – e não esqueçam de tirar uma selfie antes de partirem”, afirmou a publicação.

Six more passengers from the ‘selfie yacht,’ including Rima Hassan, are on their way out of Israel. Bye-bye—and don’t forget to take a selfie before you leave. pic.twitter.com/Han9oQcTTc

— Israel Foreign Ministry (@IsraelMFA) June 12, 2025

Ativistas foram levados contra a vontade, diz grupo

A embarcação transportava 12 passageiros, incluindo a ativista climática Greta Thunberg, e foi apreendida por Israel na manhã da segunda-feira (9). Thunberg e outros três passageiros foram deportados já no dia seguinte à interceptação. Os organizadores da ação afirmam que o objetivo era protestar contra o bloqueio imposto a Gaza e entregar uma pequena quantidade simbólica de ajuda humanitária.

A Coalizão Flotilha da Liberdade, responsável pela jornada, declarou que a missão visava denunciar o cerco a Gaza e a campanha militar em curso na região. Segundo o grupo, a situação humanitária no território se deteriorou drasticamente desde o início da guerra entre Israel e Hamas, colocando a população palestina em risco de fome extrema.

Segundo a organização local de direitos humanos Adalah, os ativistas foram submetidos a maus-tratos e medidas punitivas. “Os ativistas foram submetidos a maus-tratos, medidas punitivas e tratamento agressivo, e dois voluntários foram mantidos por algum tempo em confinamento solitário”, informou o grupo, que representa os detidos legalmente.

As autoridades israelenses não comentaram as alegações específicas, mas afirmaram que os detidos foram tratados conforme a lei. Israel defende que o bloqueio à Faixa de Gaza é necessário para impedir que o grupo Hamas importe armas, embora críticos acusem a medida de constituir punição coletiva contra os cerca de 2 milhões de habitantes do território.

O Hamas classificou a interceptação como “violação flagrante do direito internacional” e cobrou a libertação dos ativistas, responsabilizando Israel por sua segurança. A organização também pediu ação urgente das Nações Unidas para romper o bloqueio à Faixa de Gaza.

A Coalizão informou em comunicado que estava ciente do risco de interceptação e preparou-se para a ação israelense. “O Madleen é uma embarcação civil, desarmada e navegando em águas internacionais, transportando ajuda humanitária e defensores dos direitos humanos… Israel não tem o direito de obstruir nossos esforços”, declarou a porta-voz Hay Sha Wiya.

Israel promete ações legais contra quem não assinar deportação

O Ministério das Relações Exteriores de Israel declarou que os ativistas que assinaram voluntariamente documentos de deportação foram expulsos de forma imediata. Já os que se recusaram a assinar serão apresentados a uma autoridade judicial que poderá autorizar a deportação forçada conforme a legislação israelense.

A Adalah informou que os dois últimos ativistas que permanecem sob custódia deverão ser deportados na sexta-feira (13). O grupo também afirmou que os militantes não tinham a intenção de entrar em território israelense e foram levados ao país contra sua vontade.