Lar Vida acolhe crianças com deficiência, mas enfrenta dificuldades financeiras e de suporte

Instituição cumpriu seu propósito inicial de creche, mas situação mudou quando pais começaram a não retornar para buscar os filhos

Redação 12/10/2024 11:40 • Inspiração

Lar Vida acolhe crianças com deficiência, mas enfrenta dificuldades financeiras e de suporte -

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Fundado em 1985 pela socióloga Maria Cristina Cordeiro Caldas, o Lar Vida tem se destacado no acolhimento de crianças e adolescentes com deficiência, em situação de vulnerabilidade social em Salvador. A criação da instituição surgiu do desejo de Cristina de abrir uma creche que oferecesse cuidados especiais para que os pais pudessem deixar seus filhos durante o dia, enquanto trabalhavam.

O primeiro desafio da fundadora foi convencer o marido, Guilherme da Silva Caldas, a se unir a ela na realização do projeto. Reinaldo Cardoso, gerente administrativo da instituição, descreve Cristina como “uma pessoa do coração enorme, que nunca conheci igual”.

Com o tempo, o Lar Vida cumpriu seu propósito inicial de creche, mas a situação mudou quando alguns pais começaram a deixar seus filhos e não retornavam. Cristina percebeu, então, que a instituição não se tratava apenas de uma creche, mas de um lar de acolhimento.

Embora o casal tenha envelhecido e partido, a instituição continua a crescer e, atualmente, está conveniada com a prefeitura de Salvador. “A primeira sede foi na Alameda das Praias, em Stella Maris”, explicou Reinaldo.

A realidade financeira do Lar Vida é desafiadora. O valor recebido por meio do convênio com a prefeitura não cobre todas as despesas da instituição. Das 106 crianças e adultos acolhidos, apenas 40 são atendidos pelo poder público, já que o convênio é exclusivo para menores de idade com deficiência. Assim, os adultos que completam 18 anos não recebem mais apoio, gerando uma dificuldade significativa para a instituição.

“Eles passam dos 18 e ficam sob responsabilidade da instituição e do Ministério Público. […] Essa criança já está vulnerável e já passou por muita coisa. Vamos virar as costas para eles? Somos a família deles, e família não faz isso”, afirmou o administrador.

Sônia Argolo, diretora de assistência social do Lar Vida, destacou que a maior preocupação é manter o pagamento dos funcionários capacitados. A instituição conta com cerca de 80 funcionários, além de diaristas e acompanhantes de hospital, o que gera custos elevados.

“Nós temos um convênio com a Sempre [Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer], que contempla 40 crianças e adolescentes, e o nosso objetivo é conveniar os adultos”, afirmou Sônia.

Reinaldo Cardoso reforça a preocupação da diretora e detalha a necessidade de uma equipe especializada. Ele enfatizou que a manutenção de um corpo técnico operacional eficaz é crucial, pois a instituição atende crianças com necessidades específicas, como aquelas que necessitam de cuidados médicos constantes.

“A gente precisa de um atendimento qualificado e técnico 24 horas, de domingo a domingo. Na enfermaria, temos crianças com sonda, crianças que precisam ter o batimento cardíaco monitorado 24 horas… Então, é preciso um corpo técnico operacional muito eficaz e competente”, explicou.