O Vitória figura entre os times mais prejudicados do Campeonato Brasileiro por decisões do Árbitro Assistente de Vídeo (VAR). Criado para garantir maior justiça nas partidas, o sistema — utilizado no Brasil desde 2019 — tem gerado discussões constantes entre torcedores, jogadores e dirigentes por conta dos critérios e limitações de sua aplicação.

Segundo levantamento do Gato Mestre, do ge.globo, o Vitória aparece como o terceiro clube mais afetado negativamente pelas decisões revisadas pelo VAR, com seis lances contrários e apenas três favoráveis, o que resulta em saldo de -3. A equipe rubro-negra é superada apenas por Ceará (-5) e Corinthians (-6) entre os times mais prejudicados.

Lances polêmicos e decisões contestadas

As recentes rodadas do Brasileirão ilustram bem a insatisfação dos clubes baianos com o uso do VAR. No duelo entre Vitória e Vasco, o zagueiro Lucas Halter foi expulso após receber dois cartões amarelos considerados excessivos. O primeiro veio após reclamação de um pênalti marcado a favor do adversário, e o segundo por um empurrão antes da cobrança de bola parada — situação comum em disputas dentro da área.

O lance mais polêmico, no entanto, envolveu o pênalti assinalado para o Vasco após toque de mão de Raúl Cáceres, revisado e confirmado com auxílio do VAR. A decisão gerou revolta entre os torcedores e dirigentes rubro-negros, que alegaram falta de critério em lances semelhantes não marcados em outras partidas.

VAR também gera polêmica em jogos do Bahia

A dupla Ba-Vi aparece entre os clubes mais impactados negativamente pelo árbitro de vídeo. O Bahia ocupa a quarta posição no ranking dos mais prejudicados, com 11 decisões contrárias e 9 favoráveis, totalizando saldo de -2. O episódio mais recente ocorreu no confronto contra o Flamengo, quando o gol de Michel Araújo foi anulado após revisão do VAR.

Outro caso que chamou atenção foi a expulsão de Mateo Sanabria na partida contra o Botafogo, pela 26ª rodada. Já advertido com cartão amarelo, o jogador caiu na área e foi punido novamente por suposta simulação. Como o lance não envolvia pênalti ou jogada de gol, o VAR não pôde intervir, reacendendo o debate sobre os limites de atuação do sistema.

Quando VAR pode ou não ser acionado

As regras da International Board (Ifab) definem que o VAR só pode ser utilizado em situações consideradas lances capitais, como:

• gols e possíveis irregularidades em sua origem;
• marcação ou não de pênaltis;
• cartões vermelhos diretos;
• identificação de jogador punido incorretamente.

Ou seja, o recurso não pode ser acionado em jogadas de cartão amarelo, faltas simples, laterais ou escanteios marcados de forma errada — mesmo que essas decisões resultem em gol. Essa limitação tem sido um dos principais pontos de crítica por parte dos clubes, que alegam prejuízos diretos em lances que mudam o rumo das partidas.

Clubes mais favorecidos e prejudicados

De acordo com o levantamento do Gato Mestre, o Vasco é o time mais beneficiado pelo VAR no Brasileirão, com dez decisões favoráveis e apenas uma contrária, somando saldo de +9. Na outra ponta, o Corinthians aparece como o mais prejudicado, com 15 lances desfavoráveis e nove favoráveis (saldo -6).

Ranking dos clubes mais impactados pelo VAR:
1º – Vasco: 1 contra e 10 a favor (saldo +9)
2º – Internacional: 8 contra e 12 a favor (saldo +4)
3º – Mirassol: 7 contra e 8 a favor (saldo +1)
…
17º – Vitória: 6 contra e 3 a favor (saldo -3)
19º – Ceará: 6 contra e 1 a favor (saldo -5)
20º – Corinthians: 15 contra e 9 a favor (saldo -6)

Debate sobre transparência e padronização

A discussão sobre o uso do VAR no futebol brasileiro segue intensa. Especialistas defendem maior transparência na divulgação dos áudios e decisões dos árbitros, além da necessidade de padronizar os critérios de revisão. Já clubes e torcedores pedem que a tecnologia seja usada para corrigir injustiças, e não para gerar novas polêmicas.