O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) determinou, nesta quinta-feira (15), o afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A decisão foi assinada pelo desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro, que também nomeou Fernando Sarney, um dos vice-presidentes da entidade, como interventor responsável por convocar novas eleições “o mais rápido possível”. As informações são do G1.

Acordo questionado por suposta falsificação e incapacidade mental

O magistrado declarou nulo o acordo que validou a eleição de Ednaldo Rodrigues, firmado no início de 2024, ao considerar dúvidas sobre a capacidade mental de um dos signatários, o ex-presidente Antônio Carlos Nunes de Lima, conhecido como Coronel Nunes, e indícios de falsificação de assinatura.

Zéfiro afirmou que a nulidade decorre da ausência de condições legais para a celebração do acordo.

“Declaro nulo o acordo firmado entre as partes, homologado outrora pela corte superior, em razão da incapacidade mental e de possível falsificação da assinatura de um dos signatários, Antônio Carlos Nunes de Lima, conhecido por Coronel Nunes”, escreveu o desembargador.

A capacidade mental do Coronel Nunes está sob questionamento desde 2018, quando ele foi diagnosticado com câncer no cérebro. A defesa do ex-presidente da CBF não apresentou o dirigente à audiência marcada para a última segunda-feira (11), alegando problemas de saúde. O desembargador, então, cancelou a oitiva e decidiu, quatro dias depois, pelo afastamento de Ednaldo.

Fernando Sarney assume presidência de forma temporária

Com a decisão, Fernando Sarney assume a presidência da CBF temporariamente, com a missão de organizar novas eleições. Ele já havia acionado o Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo o afastamento de Ednaldo, com base na suposta falsificação da assinatura de Nunes.

O argumento também foi reforçado pela deputada federal Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ), que protocolou outro pedido junto ao STF na semana passada. Ambos citam um laudo pericial que indicaria a falsidade da assinatura no acordo celebrado entre cinco dirigentes da CBF.

STF havia remetido o caso ao TJ-RJ

Na última quarta-feira (7), o ministro Gilmar Mendes, do STF, negou o afastamento imediato de Ednaldo Rodrigues, mas determinou o envio do caso ao TJ-RJ para apuração urgente dos fatos narrados nas petições. A medida permitiu o retorno do processo ao Judiciário fluminense.

Segundo afastamento de Ednaldo pelo TJ-RJ

Esta é a segunda vez que o TJ-RJ destitui Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF. A primeira ocorreu em dezembro de 2023, quando a Justiça questionou o processo eleitoral que o conduziu ao cargo. Posteriormente, Gilmar Mendes devolveu o cargo a Ednaldo por decisão liminar.

Estratégia da CBF buscava apoio jurídico e político

Nos últimos dias, Ednaldo Rodrigues articulava estratégias para manter o apoio interno à sua gestão. Na segunda-feira (13), anunciou a contratação do técnico Carlo Ancelotti, antecipando-se ao Real Madrid. Três dias após o anúncio, o clube espanhol ainda não confirmou a saída do treinador.

Na terça-feira (14), Ednaldo se reuniu com presidentes de federações estaduais, na sede da CBF, no Rio de Janeiro. Durante o encontro, o corpo jurídico da entidade detalhou os planos de sustentação legal do presidente. Os dirigentes demonstraram confiança jurídica de que Ednaldo não deixaria o cargo, mas, diante de um cenário negativo no TJ-RJ, projetavam uma possível vitória no STF.